A CISÃO ENTRE O IMANENTE E O TRANSCENDENTE *** Por Artur Alonso

 



O Tao que pode ser expresso não é o Tao eterno”   (Tao Te Ching)

Quando a religião fica adormecida na superstição – perde a sua capacidade de conectar matéria e espírito - Perde sua etimológica essência de religar ou “atar novamente”

Em estes períodos a ciência material toma aquele lugar de honra – de guia racional, que encaminha à sociedade fora das sombras – e achega sua clareza no discernimento da realidade que nos rodeia. Estabelecendo então seu paradigma racionalista, sem o contrapeso espiritual.

O humano ser abandona a via “intuicional” – e experimenta as capacidades de seu mental concreto. Até que este chega a seu limite e a razão fica cercada pelo excesso de dialética.

Isto teria, talvez, acontecido na onda de expansão e progresso ocidental – desde inícios da Idade Moderna – ate a encruzilhada final de nossa Idade Contemporânea

A compreensão arcaica do ser humano ser formado por uma dualidade (imanente e transcendente) – que complementa sua tríade – com a harmonização da mesma, por meio da alma (corpo- físico - efêmero com o espírito - eterno) deixou de ser pertinente.

Em este sentido o próprio ser humano baseava sua razão ontológica – em ele mesmo ser ponte – de união daquela dualidade em contraste: o imanente – terrenal e o transcendente – celestial. Aquela “Prakriti” e “Purusha” da tradição hinduista (nomeadamente das escolas Samkhya e da Yoga)

“Prakriti” – como a natureza material manifestada, sempre em continua e cíclica mudança e, pelo tanto efémera (dentro dela o ciclo de morte – renovação, que também afetaria a própria estrutura e vida dos planetas)

“Purusha” – Aquele transcendental imutável – essência contida na Fonte Universal – O Ser Puro – Todo Uno – de onde todo promana – em projeção – A Consciência Eterna – O Verdadeiro Observador – nomeado Deus em nossas ocidentais tradições – A Mente Única – Inteligência Cósmica – que na natureza se monstra através da semente – que contem dentro si – o desenvolvimento do futuro natural ser

Eis aqui – um elo mais da unidade – do Transcendental – que se projeta e manifesta no efémero – para viver no plano da vida natural determinadas experiências

A Ideia ancestral profunda da maior parte das mitologias – do Deus contemplando e amando sua criação através das suas criaturas – e permitindo a evolução das mesmas (com seus riscos de involução) por meio daquele “livre arbítrio”


Os ciclos

Desenvolvendo, em determinados ciclos, seus progressos e retrocessos – ate chegar àquela prometida “gloria” de todas as teogonias e teologias – quando o humano ser atinja a perfeição e viva já no caminho justo – daquele que superou o medo atavico à morte e compreendeu o verdadeiro mistério “da verdadeira vida eterna” – Aquele fim dos tempos – Onde serão recompensados os que permaneceram fieis à “verdadeira lei”

E dentro desses ciclos – temos de novo a Tríade – o 3 mágico de todas as tradições: o período de início do ciclo, de consolidação e esplendor do mesmo, e de declínio (com perigo de entropia) – Que no que respeita as civilizações toma a denominação de: período pré-clássico, clássico e pós-clássico.

Como já temos analisado em outros artigos – dentro dos famosos ciclos indianos com suas Yugas, Kalpas e Maha-Yugas – Unidades de tempo que descrevem os ciclos cósmicos – Temos também os pequenos ciclos que descrevem os desenvolvimentos, dentro do revezo do poder material da terra

Temos assim os famosos 4 ciclos de poder – O ciclo dos Brâmanes ou Sacerdotes – dos Xátrias ou guerreiros – dos Vaixás ou comerciantes, artesãos... e – dos Sudras ou trabalhadores braçais… 

Em nossos dias aos últimos corresponderia o ciclo dos cidadãos. 

Podemos afirmar que o inicio do ciclo dos mercadores – comerciantes – que substitui na Europa ao longo ciclo dos Senhores – guerreiros (Idade Media) começou a iniciar seu despegue quando a elite Veneziana aliada do poder Templário Oriental – Mediterrâneo assaltou Constantinopla em 1204 – Acrescentou sua espiral em pequena expansão – com a Confederação da Liga Hanseática, a partir dos séculos XIII – XIV e, finalmente com a Idade Moderna – e a circum-navegação do globo – realizada pelo poder Espanhol – e Português – Onde as rotas marítimas ficariam abertas para o um novo poder ocidental Talasocrático substituir o velho poder Oriental Telurocrático.

Finalmente com a “Revolução Gloriosa” a “Revolução Francesa” e o derrubo de Napoleão Bonaparte (que junto Robespierre foram a última tentativa dum poder estatal soberano de terra derrubar o poder comercial privado marítimo)… O novo poder Veneziano-Anglo-Neerlandês tomaria o controlo da Europa e daí,  aos puocos, os destinos do mundo até nossos dias

Marcando, aqui, um ciclo de poder mercantil – privado, que como já temos analisado e estudado em outros textos, chegou a seu limite biológico, com a implosão do poder financeiro (último estagio do da expansão do poder mercantil) no seu pulmão central de Wall Street e Londres…


As grandes Escolas que guardam o conhecimento


A necessidade de superar a superstição – que tomou o lugar da religião – no ocidente – no declínio da Idade Media – levou no chamado “Iluminismo” a impulsar a utilização, conhecimento profundo e experiência da Mente Concreta do ser humano – analisando a realidade circundante através do empirismo científico, abandonando, em certo modo, o anterior conhecimento espiritual, mais intuitivo. Mesmo, que como já temos analisado e desenvolvido em outros artigos, a maior parte do dos vultos científicos desde o Renascimento até praticamente nossos dias foram grandes conhecedores também do caminho espiritual.

Para muitos cientistas, daquela época, como Kepler, Newton ou Galileu, a ciência era visionada como um veículo de transcendência, tal como os Grandes Mestres daqueles escolas de mistérios da antiguidade.

Mantendo ou tentando manter, aqueles Mestres e suas escolas, aquele equilíbrio – que completa a Tríade – e o simbolismo do “Triângulo Equilátero” na procura da harmonização das três partes principais do humano ser: corpo, alma (o recipiente – vaso – útero – taça) e espírito (semente transcendente que aquele vaso – alma – protege)… Sendo o corpo material estudado pela ciência – a alma ou corpo psico-emocional estudado pela ciência que conecta imanente e transcendente (os trabalhos de Jung – e seus arquétipos – aqui mais perto da procura do que velado, que os iniciados por Freud) – E finalmente o espírito – estudado pela Teurgia, que contrario ao que pensam muitas pessoas – tem seus grandes vultos intelectuais e místicos – homens e mulheres de reconhecido prestigio

Muitos deles grandes Mestres das escolas de Saber de todos os Tempos – desde as escolas Orientais Chinesas (ainda hoje em dia com destaque no Taoísmo sobre o Kunficionismo, que estudaria mais a filosofia da alma); as Sumérias, Egípcias (com o grande In Hotep e  Phat Hotep); Persas (Zaratustra - Zoroastro), Gregas (Escola dos Ministérios de Elêusis, Orfeu…) 

Sem esquecer as Escolas da América – no México (com destaque ao grande Mestre Poeta e Rei Nezahualcoyolt – o “Lobo – Coiote – que faz jejum – e o maravilhoso caminho do filho de Deus – Queztalcoalt – A serpente quetzal ou serpente emplumada) … E as escolas dos Sufis – da Profundidade Islâmica (Ruim, Inb Al-Arabi) , que ainda mantém viva a chama do Saber Primordial nos nossos dias – E seu grande esplendor civilizacional, na era dos Muztazilim… Passando pela Escola neo platónica, recuperada por Pleto (que veio de Bizâncio, pouco antes da queda de Constantinopla)

Escola neo platónica financiada por Cosimo de Medici, cujo segundo diretor fora Marsilio Ficino – Escola por onde passaram grandes vultos renascentistas como Pico de La Mirandola e, cuja influencia chegou a toda Europa

De todas estas escolas, seus ensinamentos e Grandes Mestres – temos já dado devida conta em outros escritos. Mas voltamos a constatar resumidamente para desvendar prejuízos sobre o caminho Espiritual Reintegracionista – que une as partes, diversidade, ao Todo Universal, através da Comum Essência (caminho na política seguido pela República Universal e pelo Império Universal) – Caminho que combate o falso percurso Isolacionista, que cria divisão, separação e confronto entre as partes e o Todo (na política seguido pelo Supremacismo e Unilateralismo)


O Tempo da Decadência


Sendo que Ocidente, ao seguir o caminho necessário da ciência racional para afastar da alma humana a superstição que dominava o campo da religião – focou o seu esforço em desvendar os secretos do entorno que nos rodeia.

Com o tempo – aquele poder mercantil associou a ciência e a tecnologia, em favor de seu poder Corporativo – Mercantilizando a mesma.

A ciência abandonou o caminho filosófico do entroncamento “imanência e transcendência” – Fixando sua visão dentro do “materialismo cientifico”  

Não foi ate a irrupção da física quântica – que o edifício filosófico racional materialista – chegou de novo a seu fim. Não por que a física quântica marca-se em si um elo de união efémero – eterno; se não por que suas pesquisas – no comportamento das partículas subatómicas – abriram a confluência dialética com as velhas filosofias, com a irrupção da modernidade abandonadas.

Grupos de pesquisa como o já muito estudado “Círculo Eranos” – entre outros, reuniram durante anos eminentes científicos e grandes mestres espirituais – que foram nas suas pesquisas, conjuntas, abrindo passo para uma nova conceção, mais integral e holística do sentido do Ser

Mas, por outra parte a dinâmica mercantilista do Ocidente, não permitiu essa nova tendência filosófica penetrar a esfera maior do pensamento coletivo – famosa “Noosfera” de Vernadsky e Teilhard.

Mas suas sementes estão abrolhar no Oriente. 

A carreira pelo consumo, as finanças dominando a economia (desligando a economia real produtiva do capital acumulado – e do capital produtivo); assim como a incitação da individualidade – no caminho de procurar realizar os desejos individuais através do poder monetário... Foram desligando, sobre todo no Ocidente, o humano ser – da sua realidade como Ser Integral – virando num humano em cobiçoso processo de procura do Ter – Tal como magistralmente estudou Eric Fromm.

O desejo da continua novidade ocidental – da fugida da dor através do deleite (mesmo do pernicioso - associado ao proibido) – conduziu a psique humana a divinizar o ouro material, como ferramenta ilusoriamente libertadora da dor inerente à vida. Retirando o humano, da aprendizagem através dessa dor e do sentido vital da experiência do sofrimento. 

Situando o Templo das Finanças – na preocupação central do sistema civilizacional ocidental – Os mercadores tinham invadido, inconscientemente, aqui, o Templo Espiritual – e o tinham virado num Templo de Louvanza à Matéria – tal como em Mateus 21:12-13, Marcos 11:15-17 ou João 2:13-16…

O Filho de Deus – teria, nestes versículos do evangelho, que encarnar o arquétipo do rigor guerreiro para expulsar aqueles vendilhões, da casa do seu Pai – A divindade espiritual – estava a ser transformada em divindade material – O arquétipo do filho da justiça – se levanta, em este texto, contra a infâmia.


A corrida em favor da divindade material

"Assim que se olharam, amaram-se;
assim que se amaram, suspiraram;
assim que suspiraram, perguntaram-se um ao outro o motivo;
assim que descobriram o motivo, procuraram o remédio" (William Shakespeare)


O desejo da Continua Novidade Material invadir nossas vidas – e focar nossa realização no conseguir a elevação através da senda da realização material – e do subir na pirâmide social da aparência e intranscendência – condicionou o mundo ocidental a divinizar o Arquétipo Supremo Material, que lembra ao bíblico “Mamom”, associado à ganancia e avareza. Ou pior todavia, no lado oculto sensual – sexual – do desejo carnal, associado a um “Asmodeu” – da luxuria e promiscuidade.

A publicidade tem acelerado esse desvio focal do transcendente – do caminho do abandono dos acumulo materiais – em favor da realidade viciada nos sentidos virados a cobiça do possuir- incentivando o consumo, por meio de ativar nossos desejos mais ocultos…

A divindade material estereotipada – é  alimentada pelo fluxo de pensamentos centrados em este aferrar-se a conquista do progresso, dentro dos limites materiais, próprios do entorno.

Essa divindade toma, então, por excesso de energias dirigidas ate seu centro: a seus Templos da cobiça, luxuria, entretenimento – entorpecimento – o aspecto central duma nova divindade Imanente, que contrariando a tradição milenar de todos os povos – deixa de Ser uma Presença, projeção da Divina Unidade Imaterial Superior. Aquele Ente encarnado na face da Terra, através do arquétipo do Filho / Filha (Os gêmeos espirituais das tradicionais mitologias).Passa pois essa nova criação divina, inerente ao material, a ser uma Nova Divindade Imanente, ISOLADA da Divina Fonte Transcendente e– vinculada somente à matéria

Virando toda a cosmovisão tradicional – pela nova cosmovisão posmoderna – onde o ser humano, aspira através de seu poder racional cientifico-tecnológico, tomar o Lugar da Divindade – e aspirar à Vida Terrena Eterna…

As velhas mitologias aparentavam apontar a ideia, de que sendo o mundo material imanente – um reflexo do espiritual transcendente – compete ao ser humano restabelecer aquela “ponte perdida” entre estes dois mundos, para encontrar seu lugar no universo. Mas o novo pensamento filosófico pós-moderno tecnocrático não aprecia esta observação… Para ele o impulso tecnológico pode descobrir possibilidades e potencialidades humanas que encaminhem o homo ao super-homem, e descortinem a suposta falsidade dos “Deuses Criadores”… 

As novas filosofias trans-humanistas ocidentais, de contínuo progresso – nos encaminham a isso:

O humano pode, chegar por meio do desenvolvimento no campo genético, da biotecnologia e da Inteligência Artificial, a viver uma plena vida eterna e satisfatória, dentro da matéria

Ver nossos artigos sobre a nova medicina da eternidade – e os congressos sobre a possibilidade da ciência medica chegar a obter o segredo da imortalidade. Assim como o livro homónimo de Ray Kurzwell e Terry Grosman


A nova sociedade ocidental totalitária

"Cestas de pescaria são usadas para pescar; quando o peixe é apanhado, os homens esquecem as cestas; as armadilhas são utilizadas para caçar lebres; uma vez que estas são apanhadas, os homens esquecem as armadilhas. As palavras são utilizadas para expressar ideias; mas quando se apoderam das ideias, os homens esquecem as palavras" (Chuang-Tse)

O Humano racional proclama, aqui, através da expansão do Poder Corporativo Privado – a ascensão progressiva – progressista – ate um Tecno-Paradigma, onde a hibridação humano-ciber permita, praticamente, alongar a vida sem limite…

Isso sim diminuendo a pegada demográfica (novo Malthusianismo), adequando a nova realidade de ser prescindível o “proletariado” (por causa da sua substituição pelo poder da robótica)– Avançando sua dissolução – no caminho do novo “precarizado” – nova classe operaria sem direitos laborais… Passando a mão de obra a ser prescindivel, em este futuro progressista do novo sonho deste inovador tecno-paradigma ocidental. 


Reconstruindo a velha democracia voltada em “partitocracia” (partidos controlados pelo poder Financeiro Corporativo – através do controlo dos recursos – desde uma banca central privada e suas ramificações) – Estado Mínimo, dependente do controlo monetário dos mesmo bancos centrais privados e suas elites corporativoas, que estão à construir uma nova realidade de controlo das redes económicas – desde um poder centralizado nas telecomunicações – O Capitalismo da Nuvem, estudado entre outros por Varoufakis…

Este modelo – em escadas sociais impenetráveis – onde os chamados a dirigir – “Tecno-Elite”- terão o comando real – enquanto a classe media destruída, nas dinâmicas inflacionarias, próprias duma sociedade onde o capital cresce, não através da inversão industrial, senão através da inversão financeira que multiplica exponencialmente o dinheiro e poder adquisitivo, daqueles que possuem rendas muito elevadas (por meio da inflação de preços de todo tipo de ativos, incluído os imóveis); ao tempo que diminui o dinheiro real e poder aquisitivo daqueles que menos têm (a pesar destes ser a maioria da população)

Para conseguir minorar o impacto do descontentamento das classes precarizadas o poder corporativo financeiro privado, por inercia (necessidade de sobrevivência) influirá com sua capacidade de decisão final (ao possuir os recursos financeiros que movem os fios centrais e as dinâmicas políticas, sociais e do poder estatal) impulsará um novo sistema totalitário neo fascista – piramidal – estratificado e bem separado. Modelo da disgregação por rendas: onde as oportunidades corporativas serão reservadas aos aptos com capacidade monetária e de inserir-se em redes de poder. 

Um estado mínimo policial dependente do poder financeiro – Em este sentido a agenda Woke que desvincula o ser humano da sua tradição familiar e comunitária, fazendo-o centrar seu foco na sua identidade personal – magnificando a individualização e, abrindo a porta à procura da hibridação ciber-humano, como uma solução material a seus problemas existenciais – limitativos… 

Elevando suas possibilidades ate o “Super-Homem” corporificado em uma estrutura vital com maiores capacidades...  Esta agenda Woke formaria parte do caminho da mão esquerda, enquanto o ideal da Monarquia dos Aristos – que por sua formação, linhagem e capacidades estariam destinados a comandar, dirigir e guiar os processo evolutivos… Formaria parte do caminho da mão direita

A tese e anti-tese da luta de ambos caminhos – confluiria para uma sintisse – na nova visão hegeliana da nova sociedade materialista.


O Confronto com Oriente

 “O novo instante transcende o instante anterior. O que precede serve para impulsar o que já está a nossa frente… Ao observar a transcendência da vida procuramos a transcendência do ser”

Pela sua vez o Oriente ainda matem muito forte o sentido da ligação tradicionalista – indivíduo desenrolando sua labor dentro da comunidade; o coletivo por cima do individual – A família como centro, a tradição espiritual do imanente ser uma projeção – presença do transcendente na face terra…


O Estado como garante do interesse da comunidade – sociedade - deverá estar por cima do interesse individual corporativo – Esta realidade leva a uma maior aposta por um estado forte. Mais todavia na atualidade, uma vez descoberta, a nível global, a amadrinha ocidental das dívidas externas e internas – como meio eficaz para contornar o poder estatal e subverter as soberanias – passando o poder privado a ter o monopólio e controle dos ativos estatais e das riquezas contáveis do território. 

Esse estado forte – tem de desenvolver uma agenda social – para elevar o nível de oportunidades da população – Uma agenda de desenvolvimento integral económico e de infira-estruturas e ré-industrialização – para manter as possibilidades de uma soberania real – e as capacidades dum banco central estatal que poda ajudar nas inversões necessária para essa realidade ser atingida.

Essa necessidade cria dous caminhos opostos, que aos poucos, com todas suas contradições vão abrindo o terreno, para bem delimitar uma faixa de acomodo e divisão dos limites do poder estatal oriental e do poder corporativo privado ocidental

Esta necessidade – foca as energias do oriente e do sul global – no que transcende como motor do culto e atenção – que fixa a raiz tradicional religiosa e espiritual – à rede comunitária e familiar – Vendo o material imanente como uma projeção daquele imaterial transcendente. E no ciclo dos cidadãos, o cidadão como ponte para o conhecimento de ambas realidades. 

Aqui, neste novo caminho do Sul Global, a filosofia do que sublima a elevação, pela transformação espiritual, deverá prevalecer sobre o material.

Sendo que a atração material pode absorver, e absorve, em muitos casos, àquelas pessoas que chegam atingir uma grande acumulação de médios económicos, gerando problemáticas intra-familiares e de profundas divisões e cisões sociais. Ao tempo que essas famílias enriquecidas, por inércia, sempre vão procurar associar-se para determinar os destinos das nação, ou federação, por cima do estado. Criando alem de problemáticas sociais um problema direto de sobrevivência estatal e dos recursos públicos. 

Por necessidade esse estado tem que desenvolver, para ser viável, uma agenda social e limitar bem o contorno da ação privada, impedido esta possa tomar ao assalto o próprio estado. Fazendo o poder privado servir ao poder estatal – e, se quiser ter continuidade – encaminhar essa ação privada ao bem comum

Aqui, o oriente e Sul global começaria a superar o ciclo dos comerciantes – agora tornado em poder fiannceiro- e, pela mesma dinâmica de necessidade de prevalecer, marcar-ia o caminho ate o novo ciclo dos cidadãos…

Aqui o poder estatal, por causa dos atritos globais, regionais e locais, tornar-se-á também totalitário, sem aceitar uma dissidência, à não ser aquela previamente controlada (uma discrepância que permita o contraste para avançar, mas não uma divergência que ponha em causa o poder estatal) -


Este seria o modelo oriental, a espalhar pelo Sul Global – de neo-socialismo.

O modelo intermediário entre neo-socialismo e neo-fascismo, mais democrático e mias a caminho do velho estado social democrata que foi banido da Europa, poderia ter cabida, se não houver tanto atrito global

E o mais curioso deste desenvolvimento, em andamento atualmente, é que esse neo socialismo tende a ser conservador tradicionalista – espiritualista transcendente – enquanto o neo fascismo se torna progressista individualista – materialista inerente (imanente separado do transcendente)

Eis o que aparenta vão-se encaminhado as novas dinâmicas no mundo. Aguardando que de ser esta a nova realidade, estas visões divergentes possam assentar sem um atrito excessivo, que nos possa levar a um beco sem saída. Um confronto físico a grande escala

Neste desejo toda a humanidade deve unificar esforços. E o inicio de conversas entre o presidente norte-americano Donald Trump, e o presidente russo Vladimir Putin – podem abrir essa janela de oportunidades, para diálogos mais amplos com mais atores globais.


E uma das boas novas para a civilização nascida do seio do galego-português e do espanhol, é que o Brasil aparenta desta vez vai estar na mesa.

«Mas diz-me agora tu com verdade e sem rodeios,
por onde vagueaste, a que terras de homens chegaste;
fala-me deles e das cidades que eles habitam,
tanto dos que eram ásperos e selvagens como dos justos;
fala-me dos que acolhiam bem os hóspedes, tementes aos deuses.»                                                                                  (Odisseia, Homero, Canto 8)




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