Os caminhos de EMET (“na obra pictórica de Ehlaba Carballo) --- por Artur Alonso
“O segredo da sabedoria está na humildade” (Rabí Moshé Cordovero)
Todos os alfabetos tem uma letra ou partícula inicial (a runa oculta no caso do celta ou nóridco) que simboliza o mesmo Deus – manifestando-se. No caso do alfabeto hebraico é o Yod ou Yud – No caso do alfabeto latino – é o ponto acima do i -
Fala-nos Inácio Vacchiano, na sua “Filosofia Metafísica Quântica Cabalística”: "cabalisticamente o nome de Deus é representado por uma única letra o “Yod” cujo hieróglifo hebreu refere-se a um ponto “י”, a partícula original que deu origem a todas as outras. Este preceito é muito bem expresso no próprio alfabeto hebraico já que todas as demais letras são formadas pela junção de “Yods”. E, assim como todo o alfabeto foi formado por uma partícula, do mesmo modo sucedeu-se com o universo"
Observamos que toda a criação repete um padrão que aproxima da Unidade – da qual a diversidade promana.
O diagrama da Árvore da Vida – representa precisamente esse “nexo de conexão” – onde caminhos, esferas ou Sephiras (que são estados de consciência), junto sua numerologia, geometria e simbologia convergem, naquele ponto inicial - do qual todo se ramifica – Convergindo nela as diversas filosofias, ciências e sabedorias… Formando os diversos mundos: Aztiluth – da emanação, Briah ou Beriah – da criação, Yetzirah – da formação e, Assiah – físico.
Caminhos que partem das letras, letras que, a sua vez, surgem do traço inicial – do primeiro ponto
Esse ponto inserido no centro do círculo- nos lembra ao teosófico simbolismo – desenvolvido por Helena Petrovna Blavatsky – no seu monumental “A Doutrina Secreta” – fazendo referencia ao 1º Logos – criador, do qual surge a mística tríade. Aquela Tríade Inicial, representada em muitas mitologias – pelo Pai, Mãe, Filho (Osíris – Issis – Horus dos egípcios; El - Asserah - Baal dos cananeus; a trimurti indiana Bramha, Visnhu e Shiva – com suas contrapartes femininas - Lakshmi, Parvati e Sarasvati) – no cristianismo temos o Pai – Filho – Espírito Santo (lembrando-nos o evangelho apócrifo de Filipe – que a pomba do espírito santo representa o sagrado feminino- tal vez pelo domínio patriarcal oculto)…
No caso indiano a Trimurthi manifestando a criação, conservação e regeneração ou dissolução – com intuito de recomeço - aquele tornar e retornar - do filho divino celta - Lugh - o alfa e ómega do Cristo... Lembrando que na tradição galaíca celta - o masculino impele e feminino recolhe - tal como nos explicara a Dra. Branca García Fernández Albalat (nossa última Grande Druidesa viva) - quando nos falava, àqueles que tinham ouvidos para ouvir, de Laros e Lera - E as almas que iam ao outro mundo eram acompanhadas ate o portão de entrada por Laros. A porta era guardada por Lera (senhora da taça - útero - conduto)...
O próprio Inácio Vacchiano, no mesmo estudo referencia: “Esta representação da criação universal está simbolizada por um ponto dentro de um círculo o que nos aduz ao número 10, que trata justamente desta décima letra (o ponto incial Yod ou Yud). Se colocarmos a unidade dentro do círculo obteremos o mesmo símbolo que esconde o maior dos arcanos religiosos, aquele que trata da figura que representa o instante da criação (...) Homem e mulher na Unidade…”
Observamos aqui o Pai e a Mãe Primordiais – realizando-se no mundo através do Filho / Filha – aquela parelha dos gémeos espirituais – que na tradição celto galaica – são representados pelos irmãos gémeos Brigantia e Lugh. Aquela Brigantia da qual a localidade galaica Betanzos esconde seu culto feminino. Na tradição mitológica mesopotâmica – temos Innana ou Isthar e Tamuz
Estamos diante duma tríade – que desenvolve desde a unidade a diversidade – conformando um setenário – que em muitas mitologias envolve o segredo dos 7 senhores cósmicos – os 7 Arcanjos do cristianismo – O 7 de certos ciclos (7 dias da semana, 7 cores do arco da velha) – Os 7 planetas sagrados da sabedoria hermética (presentes em certas esferas da Árvore da Vida) - O 7 da escada musical – e a oitava acima (o oito deitado simbolizando o infinito)…
Obtendo aquele 1-3-7, que da na LEI – Um em essência, três em desenvolvimento e sete em manifestação
O 4 - dos quatro pontos cardeais, que delimitam o espaço - mais a tríade (3) do evoluir, nos dá aquele 7 do manifestar (4+3=7)
Essa manifestação delimitando-se na matéria naqueles 4 pontos cardeais – onde, segundo varias mitologias, os 4 guardiões cósmicos – vigiam os mesmos. Na cultura japonesa são 4 animais mitológicos: Genbu (Norte), Suzaku (Sul), Seiryu (Leste) e Byakko (Oeste) - E na tradição chinesa variam as figuras: o Dragão Azul do Leste, o Pássaro Vermelho do Sul, o Tigre Branco do Oeste e a Tartaruga Negra do Norte.
O 4 também nos fala dos elementos tradicionais da alquimia – elementos que dão forma a toda a materialidade: fogo, ar, água, terra. Na cabalística “Árvore da Vida” – o fogo (lembrando aquele sagrado fogo indiano “Agni”) relaciona-se com o mundo das emanações – Atziluth; o ar (mercurial – da Inteligência Divina) relaciona-se com o mundo da criação Briah; o água do sentimento – como mundo da formação – Yetzirah; e finalmente o elemento terra – com o mundo físico de Assiah - Observando o ar, da inteligência, ser intermediário (fazer de ponte) entre o fogo emanador e a água - pico-emocional - do mundo da forma.
Por cima a quinta-essência – aquele ponto que une com o inicio – o mesmo ponto da i latina – o traço inicial do Yod ou Yud – hebraico – a runa escondida que ilumina o conhecimento. Precisamente para obter aquele sagrado conhecimento das runas – Odin – pendurou-se 9 dias e 9 noites no Freixo Sagrado: à árvore da vida nórdica – E, assim com a renúncia e aceitação da morte, Deus vai conceder-lhe a Odin o conhecimento da "sagrada letra"
Sendo a árvore sagrada celta o Carvalho – vemos que nossa amiga Ehlaba porta esta árvore no seu primeiro apelido – unindo o Carvalho a Deus, no seu segundo apelido (De Dios) – sendo, como falou uma boa companheira dela – Elhaba – El hada – a nossa “Fada”
Ehlaba Carballo de Dios – El Hada - a Fada que através da árvore sagrada une o humano ao divino.
Eis o significado de abrir-se a observação intuitiva, na exposição pictórica intitulada EMET – A Verdade - onde nossa espiritual artista – pela intuição do olhar desde o coração – nos fala com cada traço – insinuando, sussurrando a nosso interior: “a verdade EMET – dentro desse nosso coração estar presente·
Somente precisamos desvendar os véus, que nós mesmos, pela distração material, temos elevado por cima da nossa essência
Aquela essência quinta do 5 que unida ao 7 ciclíco (5+7=12) nos da o 12 dum outro ciclo… As 12 casas zodiacais, também presentes na “Árvore” e o 12 dos estimulos transformadores: Os 12 cavaleiros da Tabula redonda do rei Artur; os 12 trabalhos de Hércules; as 12 horas do Nucteremon de Apolónio de Tiana (tão bem interpretado por J. Van Rijckenborgh)...
Essa quinta-essência contem a Tríade – trabalhando dentro da dualidade – no mundo da aprendizagem em contraste, que é o nosso (3+2=5)
Esta numerologia – com suas letras que fazem caminhos e unem as diversas esferas / sephirot ou estados de consciência – desenvolvem esta bela árvore e suas diversas representaçoes – nas 22 árvores das 22 letras, da visão nascida do coração da nossa “Fada” – Ehlaba – Carballo – mantendo em nossa alma ao contemplá-las os 22 caminhos abertos
Sendo que aquele 12 ciclíco - mais o 10 dos estados de consciência (10 esferas - sephiras) traz a existência as 22 letras dos 22 caminhos. - O dez que remete a unidade (O do Parabramha indiano - o nao manifestado + 1 do ponto onde comença manifestar-se a luz - Ohr) - observando todo, no universo, estar inter-ligado - Tal como afirma o mito inidiano da "Rede de Indra"
OS CAMINHOS
"Aprenda com o sofrimento. A ferida é o lugar por onde a luz entra em você" (Rumi)
1º Caminho de Kether a Chokmah – O caminho do Mago – letra Aleph א Início – Princípio - simbolizando o sopro da vida e o elemento ar, representando começos, potencial e o poder de manifestação – onde a emanação traz a Suprema luz (Ohr) ao mundo Correlação entre o esforço pessoal e a realidade espiritual – as energias espirituais começam o caminho de descida – caminho do raio
2º Caminho de Kether a Binah – O caminho da Sacerdotisa – letra Beth ב Casa – Taça – Útero - simbolizando sabedoria interior, mistério e o subconsciente –.Começo da busqueda da identidade – binomio da materialidade que deve voltar a unir-se, após o reconhecimento da luta entre os contrarios – pode sintetizar-se pela alegoria dos mesmos.
3º Caminho de Kether a Tiphareth – O caminho do Imperatriz – Letra Guimel ג associada ao camelo e à ideia de movimento ou nutrição - incorporando fertilidade, criatividade e abundância - a geração nos três mundos. A fundadora – passagem da divisão inical, para uma nova união ordenada.
4º Caminho de Binah a Chokmah – O caminho do Imperador – Letra Daleth ד A Porta – representando autoridade, estrutura, governo, liderança – Colocar a pedra cúbica na sua base. União sagrado masculino e sagrado feminino – por meio da afirmação, consistência – Influências de Saturno e a harmonia dos Querubins.
5º Caminho de Chokmah a Tiphareth – O caminho do Druida – letra Hé ה Caminho da Iniciação – instrução elevada – permite ampliar consciência – conhecimento ético – moralista – filosófico – da benvolência, indulgencia – do Saber Oculto. A Revelação – o Sopro Divino – ensinamento da Sabedoria Primordial – tradição espiritual
6º Caminho de Chokmah a Chesed – O caminho o dos Amantes – Letra Vav ו O Gancho – simbolismo do amoroso relacionamento – união da misericórdia com a Mente Ética
7º Caminho de Binah a Tiphareth – O caminho do Carro – Letra Zayin ז A espada “Escalibur” – utilização da vontade do Pai com o Amor – Sabedoria da Mãe – por parte do filho – na sua atividade de procura da verdade e ação de justiça
8º Caminho de Binah a Gevurah – O caminho da Justiça – Letra Chet ח Necessidade de ativar a força espiritual interior – sem esquecer o amor e compaixão – Rigor Amoroso
9º Caminho de Chesed a Gevurah – Caminho do Eremita – Letra Teth ט Necessidade da Introspeção para obter a sabedoria – da observação em solidão
10º Caminho de Chesed a Tiphareth – Caminho da Fortuna – Letra Yod י O conhecimento da Roda das encarnações e reencarnações – Roda do Samsara – Roda da Fortuna Compreensão da pressão que provoca a continua mudança e os ciclos – entender melhor a missão Saber o simbólico significado dum destino
11º Caminho de Chesed a Netzach – Caminho da Força – Letra Kalph כ O poder interior que dever ser exercido com equanimidade – olhar com imparcialidade – para encontrar – a senda da verdade
12º Caminho de Gevurah a Tiphareth – Caminho do Enforcado – Letra Lamed ל O caminho do sacrifício interior (sacro oficio) rigor na procura da redenção – a força do filho guerreiro (Marte) – da “jihad interior” ativando o interior sol, para vencer as sombras – dissolver as cargas cármicas.
13º Caminho de Gevurah a Hod – Caminho da Morte – Letra Mem מ A transformação interior – a morte ritual – para o material – que permitirá a ressurreição espiritual – Concretizar, ao final, a chegada da alvorada – da estrela da manha
14º Caminho de Tiphareth a Netzach – Caminho da Temperança – Letra Nun נ Incorporar a boa sensibilidade – a semente da moderação – que tem sua raiz no equilíbrio
15º Caminho de Tiphareth a Yesod – Caminho do Diabo – Letra Shamed ס Pesquisar o reino da ilusão, imaginação astral – desde o Divino em nós – para entender o desordem – a revelação instintiva do oponente – a aprendizagem da dor do caos, da escravidão dos apegos materiais – das turbulências – que ocasionam mudanças súbitas. Entender seu mal – e como dissolve-lo em favor do bem
16º Caminho de Tiphareth a Hod – Caminho da Torre – Letra Ayin ע Contemplar desde o Poder da Centelha Divina – o mundo Mental – racional – cartesiano – do mundo da matéria que precisa ordem – para evitar o caos
17º Caminho de Hod a Netzach – Caminho da Estrela – Letra Pe פ A mente penetra a ilusão da sensualidade, sexualidade, sensibilidade, suscetibilidade. Via do subtil, que bem encaminhada pela intuição reconhece o potencial do subconsciente como criador, descortinado, a essência que permeia por trás de todo processo criativo. -
18º Caminho de Netzach a Yesod – Caminho da Lua – Letra Tzadi צ A ilusão contempla sua raiz astral – observa o Inconsciente e subconsciente – e todas as distrações e enganos – a intuição está presente – mas precisará de encontrar o poder espiritual para não perder-se no salão dos espelhos, dentro do labirinto da vida.
19º Caminho de Netzach a Malkuth – Caminho do Sol – Letra Qoph ק A “agulha da cabeça” permite inundar com o sol que procura a clareza – o mundo ilusório manifestando-se na matéria – intui a Maya – e sua vitalidade abre – a inocente alegria
20º Caminho de Hod a Yesod – Caminho do Julgamento – Letra Resh ר a mente concreta contemplando o mundo astral – introduz a ração no seu julgamento – permitindo melhores avaliações – o que vai fazendo vibrar o essencial despertar – acordar – querer ver alem da aparência
21º Caminho de Hod a Malkuth – Caminho do Louco – Letra Shim ש A chama mental – o tridente da luz – pode no mundo – integrar o diverso – unir – realizar e mesmo concluir a missão precisa
22º Caminho de Yesod a Malkuth – Caminho do Louco – Letra Tav ת A Cruz inicial – a Cruz coletiva do Pramantha – a cruz individual do sexo – Os inícios da “jornada da alma” – que vai ativar a necessidade de realizar a “Jornada do Herói – Heroína” – Começo que já vai, devagar, incorporando o potencial preciso – para os desafios de todos os caminhos…
"...Grande é, em verdade, a ceifa, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua colheita." (Lucas 10:2)
E como dizia o grande Leão Tolstoi: Procuremos essa verdade, não diretamente a liberdade, pois – a Liberdade – é uma consequência daquela Suprema Verdade…
Os Índios Navajos – nos ensinam a escuitar todas as verdades relativas – de cada ser humano e sua particular viagem – E através de escuitar as diversas narrativas das verdades relativas – finalmente, por trás dessas vozes multiplicas – a verdade da voz Una da Unidade – aparece…
Chegando finalmente a EMET – a VERDADE – pela contemplação interior – no silêncio da alma – E com aquela alma limpa contemplar as 22 obras – que nos legou o coração da Fada – “El Hada” – Ehlaba, filha de Deus – ligada ao sagrado e céltico “Carvalho”
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