ATIVAR O ARQUÉTIPO FUTURO DOS GÉMEOS ESPIRITUAIS por Artur Alonso
A nosso modo de ver entendemos que o Helenismo desenvolve, na sua expansão pelo mundo mediterrânico, euro-asiático e posterior influencia em toda Europa, a ideia duma faceta psicológica das Entidades Divinas, ligadas a profundos mistérios, que deveriam ser descobertos somente por aqueles indivíduos capacitados para receber tal bênção (naquela altura elites sacerdotais, senhoriais e militares).
As escolas de mistérios já tinham surgido anteriormente – com figuras como Pitágoras e sua escola de Crotona, onde os conhecimentos adquiridos no Egito e na Babilónia, foram acrescentados aos conhecimentos recebidos da sua Mestra a filosofa e matemática Temistocléia. Platão, com sua Academia (na qual aqueles que não souberam geometrizar não poderiam ultrapassar suas portas), traz consigo também o saber adquirido no Egito.
Para Thomas Alexander Szlezák (em seu texto “Platão e os Pitagóricos”) os referenciais cognitivos adotados por Platão e por Pitágoras formam parte duma única raiz e duma mesma conceção cosmogoníca – Desligando o pensamento mais profundo de Platão do seu Mestre Sócrates. Pois para Szlezák o Sócrates histórico não estabeleceu as ideias transcendentais, que permeiam a essência do pensamento platónico e se ligam profundamente a visão pitagórica.
O conhecimento helenístico, pois, transmitido pela Escola de Elêusis e pela Escola dos Mistérios Órficos (escola confirmada pelos papiros de Derveni, achados em 1962) incluem já o germe da visão das Escolas mais antigas mesopotâmicas, persas e egípcias (mesmo ha quem se atrever a rastejar a essência da sua semente na mais antiga tradição da Índia).
Podemos afirmar, pois, que em todas estas escolas aparenta se manter firme um ideal de Deus - ou de um Ente Sagrado – Todo-Uno, do qual por emanação os mundos surgem. Sendo os mundos mutáveis – e este Princípio Original imutável (se especula muito com um dos centros de irradiação primordial deste conceito teria sido a famosa a Escola do Olho de Horus – localizada na antiga pirâmide de Saqqara – e a vinculação deste local com o Mestre Inhotep… Mas tudo permanece, a dia de hoje, no campo da especulação, sem maiores evidencias)
Com a chegada de Alexandre Magno a Egito – e o posterior domínio dos Ptolomeus – a necessidade duma divindade sincrética que pudesse unir aos dous mundos (grego e egípcio) deu surgimento a figura e o culto de Serapis. Por trás deste culto permanecendo a original ideia da divindade una: da qual nasce o arquétipo do pai masculino universal criador – que como Zeus - é o Pai que dá Ordem ao mundo.
E o arquétipo feminino (a Isis egípcia – a Hera grega – a Isthar – Inanna – mesopotâmicas ou a Asserah dos cananeus e da tradição mais antiga dos judeus) que fecundando gera os mundos e os alimenta – com seu Peito - simbolismo do Leite Sagrado - E, a um tempo, permanece guardando no seu útero interior a essência espiritual da masculina semente – com amor e sabedoria - Simbolismo do Caldeirão sagrado - Como o da deusa Celta Kerridwen – A Guardiã do "Caldeirão da Transmutação".- Mudança que se realiza no "Ventre Escuro" (alegoria do subconsciente) - através da magia conquistada ao afrontar desafios, realizar duras experiências e finalmente receber o "Grael" ou inspiração divina (Revelação).
Serapis, a sua vez, mantém a ligação ao mundo psicológico interior e exterior – do inconsciente e subconsciente individual e coletivo (ter em conta Serapis – ser a fusão do Osiris e Hades, ambos deuses que governam os mundos subterrâneos). E Isis – Hecate – Isthar- Inanna – são as Senhoras das celestiais luminárias – que encarnam na Deusa Soberana da Natureza – mantendo o arquétipo do feminino sagrado – com sua aceção psicológica profunda – de conhecimento dos segredos da mulher humana – e da sua possibilidade de transcender a sua personalidade. O mito grego de Persefone e Deméter guarda essa simbologia da plenitude do feminino sagrado – ligado a natureza (ciclos – estações do ano e as colheitas – junto aos tempos de descanso invernal (sonho) e acordar primaveral – renascimento). O mito nos monstra também um ligação interior a psique feminina, o poder de ser mulher e sua aparente vulnerabilidade.
Deste modo surge a ideia do arquétipo divino em sua ligação ou conexão com a mente humana. Esse arquétipo no masculino e feminino nos ajuda a desenvolver certos aspetos psicológicos, da nossa personalidade, muito importantes para nossa transformação e mesmo para compreender as mesmas etapas cíclicas da vida dos seres humanos (e o por que das mesmas): nascimento, infância, adolescência, juventude, maturidade e velhice .
Transformar nossa psique para transcender – evoluir – permitindo uma mudança da nossa consciência, resulta mais “fácil” uma vez entendido o significado simbólico místico e mítico dos arquétipos masculino e feminino. Começar a focar nossa atenção menos nos aspetos efémeros, para centrá-la nas virtudes que nos aproxima daquela origem que não é afetada por nenhuma mutuação, é um passo no caminho certo.
No Renascimento Marsílio Ficino – tradutor de grande parte dos escritos herméticos trazidos pelo Mestre Pleto de Bizâncio (e sucessor do próprio Pleto na Academia Neoplatónica, fundada por Cósimo de Medicci) – desenvolve a doutrina dos planetas astrológicos. Referenciando estes planetas como entidades pisco-espirituais que trabalham em nossa transformação interna, se nos soubermos entender como sua inter-relação com a Terra e seus habitantes mutuamente nos condiciona.
As ideias da Academia Neoplatónica de Pleto e Ficino – tem certa semelhança com naquele sentido “holístico” que Jan Christiaan Smuts, deu ao termo em 1926 – de aquela: "tendência da natureza de usar a evolução criativa para formar um "todo" que é maior do que a soma das suas partes" – elevando este perceber holístico ate o um plano cósmico – onde o Todo maior que a soma das partes – deriva daquele Todo-Uno Eterno – Incognoscível – que podemos chamar Deus – o Mente Única - para aqueles que se definam ateus e não gostem de visualizações antropomórficas ou outras perceções que o termo Deus possa suscitar em algumas humanas mentes.
Ficino desenvolve exercícios, meditações e praticas, na sua Escola, que facilitam a ativação de determinados arquétipos – permitindo-nos melhorar ou harmonizar a influencia destes planetas em nossa psique. Sempre tendo como objetivo a transformação – transmutação da mesma alma ou “psyche” – no caminho da elevação espiritual – como via segura para o auto-conhecimento e auto-aperfeiçoamento.
Os gnósticos cristãos (anteriores ao renascimento) utilizavam os planetas astrológicos como uma jornada de melhoramento e aproximação ao mundo espiritual.
O Grande gnóstico e mártir galaíco Prisciliano mesmo chegou a descrever partes do nosso corpo – com suas ligações aos planetas astrológicos – ligando-os a sua vez aos nomes dos patriarcas. Paulo Osório, contrario as doutrinas priscilianismos, afirmou em seus escritos: "Prisciliano ensinou que os nomes dos Patriarcas correspondem às partes da alma, e de jeito paralelo, os signos do Zodíaco correspondem-se com partes do corpo"
O legado de Prisciliano foi eficazmente erradicado, a partir da época de São Martinho de Dume – o conhecido como o “Apostolo dos suevos” – mas dalguma forma sua essência prevaleceu com força na Galiza e Portugal, e quem sabe si futuros centros espirituais não ressuscitem, em outros locais – misturados com outros conhecimentos da mesma raiz – sua aprendizagem – encaminhando à futura humanidade àquela comunidade de amor incondicional (fim do medo) – comunhão fraternal e ajuda mútua?
Para os gnósticos viajar pelos planetas, dominar seu nível pisco-espiritual, conhecer suas influencias nos diversos tipos de seres humanos, ajudavam aos mesmos, no caminho de elevação da consciência individual e coletiva.
A viagem continua do “herói” ate obter a “Iluminação” também nos aproxima desse caminho de conexão com o arquétipo universal masculino e feminino.
A Revelação do conhecimento arcano que encerra o arquétipo, ajuda a Redenção (sair dos caminhos errados e confusos – nos que nossa psique, sem uma firme guia, navega). Permitindo aquela Revelação – transitar para a Redenção – que a sua vez possibilita a Reintegração (a partícula ou Mónade - fractal espiritual emanado do Todo-Uno-Eterno – retornar a sua Origem).
A Revelação, Redenção e Reintegração estão subtilmente gravadas na “Parábola do filho Pródigo” cristã ou na ideia do “Príncipe que regressa ao Palácio do Rei” da tradição judaica – onde o arquétipo do filho e do Pai – estão, veladamente, estabelecidos.
Nesta viagem do “herói-heroína” estamos a falar dum esforço continuo de ascensão degrau a degrau, pela espiralada escada de “Jacob” (com quedas e alçamentos) – modificando, abrindo e expandindo nossa consciência – focada em cada momento no nível evolutivo que lhe é próprio – com o intuito de atingir o nível adequado, que nos permita a obtenção da “verdadeira” vitoria que leva a Gloria. Aquela libertação das cadeias psicológicas que tanto nos pesam e nos atam (muitas delas por nossa ignorância criada).
O inconsciente coletivo – segundo Jung – constela novos símbolos e arquétipos, a medida que a humanidade via precisando deles. Novos arquétipos surgem, no momento em que assistimos a mudanças paradigmáticas. Mudanças de Egregóras – quando a velha Egregóra coletiva que proporcionava coesão, a uma determinada humanidade, está já muito desgastada – e a psique humana precisa ampliar, expandir ou elevar-se do patamar no que estava encerrada. Mas também acontece quando a humanidade involuir e a sua psique coletiva reflexa essa histórica realidade.
Nas necessárias mudanças de egregóras, como em todas as crises existem oportunidades e desafios – tal como testemunham os caracteres chineses para mesma palavra crise.
Temos que entender a Egregóra como aquele conglomerado de matéria pisco-mental e emocional, criada pela mesma humanidade, num determinado período histórico. Conglomerado que encerra a visão, perceção e oculta essência transcendente (positiva, negativa e neutra) dessa determinada humanidade, naquela determinada altura histórica.
Os processos criativos da mente humana influenciados pelas suas emoções (mais alteradas, menos alteradas, mas equilibradas, menos equilibradas) criam harmonias e desarmonias que afetam ao conglomerado psico-emocional e mental coletivo, que é a mesma Egregóra.
A sua vez, segundo aprofundemos (individual e coletivamente – o coletivo é uma suma do individual e o individual é afetado pelo coletivo) ativando o lado sombra ou luz, de determinados arquétipos, a evolução coletiva e individual da humanidade pode proporcionar o surgimento, pela necessidade evolutiva ou involutiva, de novos arquétipos. Estes arquétipos, por inter-relação, vão trabalhar com suas tónicas psico-emocionais os lados positivos, negativos e neutros da própria humanidade.
Ariel Guttman e Kenneth Johnson – afirma no seu trabalho “Astrologia e Mitologia (Seus Arquétipos e Linguagem dos Símbolos) que: “Um dos princípios da filosofia astrológica é que a descoberta de um novo planeta assinala o desenvolvimento de um novo estagio na evolução da humanidade (…) esses novos arquétipos – que com frequência são reafirmações dramáticas dos antigos – emergem em nosso inconsciente coletivo em pontos delicados da história, em épocas nas quais, os paradigmas da realidade sofrem uma mudança radical”
Roberto Luciola, em seu caderno “Fiat Lux – nº 19” nos expõe uma visão condizente ou complementaria da anterior: “Quando os homens se equilibrarem internamente e passarem a exercer um maior controle sobre as suas ações, emoções e pensamentos, com certeza a natureza responderá positivamente gratificando a vida, que se formará cada vez mais bela e davidosa, fornecendo em abundância todo quanto precisamos sem haver pragas daninhas que venham destruir os frutos do esforço e trabalho realizado”
No mesmo caderno Luciola, todavia faz, afirmações mais valentes e ousadas: “Segundo ensina a Sabedoria Iniciática das Idades, a matéria que forma os diversos Planos destina-se a ser trabalhada e burilada a fim de que o Corpo da Divindade, formado pelos mesmos Planos Cósmicos, se aperfeiçoes cada vez mais, e isso realiza-se através da ação no Plano Físico; das emoções e sentimentos no Plano Astral; e dos pensamentos no Plano Mental. Sem dúvida o homem é elemento fundamental na execução do Grande Plano da Mente Universal. A matéria virgem da natureza é neutra, e por sua permeabilidade pode assumir a forma que a nossa mente lhe imprima. Assim, podemos criar cousas boas ou más pelo exercício da nossa vontade. Também o Logos, através das diversas Hierarquias de Seres Celestiais criou as criaturas e as formas que povoam os diversos segmentos da Criação, incluindo o homem. O homem, por também ser da Hierarquia Criadora, possui o dom de criar. Infelizmente, nem tudo o que ele cria é perfeito, ao contrário das criações oriundas das Mente Divina, que somente geram o bom, o belo e o perfeito, para maior glória de Deus Manifestado”
Por sua vez Ariel Guttman e Kenneth Johnson (em seu já referido “Astrologia e Mitologia”) desenvolvem esta tese (que combinada com os estudos de Luciola) nos monstra como holísticamente, mesmo certas elites tentar comandar, no topo, certos processos, as Egregóras são modificadas - ao ser modificados os potenciais de seus arquétipos.
Mesmo a essência arquetipal prevalecer, muda a forma, o relacionamentos e certos conteúdos do mesmo arquétipo; podendo ser negativo ou positivo, dependendo a tónica evolutiva da humanidade e, a maneira de relacionar-se com o mesmo (ou bem desde sua sombra inconsciente e subconsciente ou bem desde a luz do se coração, livre de cargas, e radiante).
Guttman e Johnson o expressam assim: “segundo a perspetiva astrológica, poderíamos dizer que a descoberta e o batismo de um novo planeta é uma dramática incidência de sincronizidade, que possui implicações para todos os habitantes do planeta Terra. Deve-se observar que novos planetas (ou asteroides ou cometas) são batizados por quem os descobre e que estes indivíduos têm pouco simpatia pela astrologia. Mesmo assim, os nomes mitológicos que dão aos planetas têm, na maioria dos casos, uma relação misteriosa como o verdadeiro funcionamento desses planetas no mapa astrológico. A descoberta dum planeta, a pessoa escolhida para descobri-lo, seu batismo e seu impacto místico sobre o consciente humano combinam-se numa teia de sincronizidade que dá origem a um novo arquétipo coletivo”
Inferimos, nós, que a mudança coletiva da humanidade gera mudança no relacionamento com os arquétipos, surgindo uma nova visão – interpretação filosófica, cientifica, cultural, social, política e mesmo ontológica ou mística, que obriga a um cambio na forma de conceber os arquétipos, mas que não afeta sua essência. Muda a forma prevalece o principio.
A Egregóra coletiva se vê afetada por este facto. Assim também Guttman e Johnson o manifestam: “Saturno ascendente no mapa astrológico ativaria uma sombra escura sobre a vida duma pessoa. Mas, hoje, é diferente. Em uma sociedade em que começamos a perceber que a evolução humana está embebida duma substância divina e que padrões negativos do passado pedem ser transformados em situações de crescimento dinâmico e a realidade tornar-se aquilo que é criado a cada momento por nosso padrões de pensamento e sistemas de crenças, Saturno no ascendente não é apenas uma sombra escura: é também a dinâmica interna que leva ao individuo a alcançar a maior realização da sua vida – a consciência”
Trabalhar a sombra individual e coletiva permite a Luz Solar penetrar a mesma – e iniciar o energético processo de mudança – evolutiva – elevação.
Mas sem Revelação – que permita observar, trabalhar e modificar inercias – não será possível realizar esse caminho (não há guia). Falta luz e a sombra prevalecerá criando jogos de sombra no inconsciente – que a seguir serão refletidos no consciente – entretendo-nos e desviando o foco da atenção e centralizando toda nossa energia nos jogos “banais” – “efémeros”-”doentes” e mesmo perversos – da mente.
A Revelação abre a porta da Redenção (clarificar a mente e reverter a velha inercia) – permitindo, a seguir, a Reintegração (passar a integrar um plano mais elevado) – que permita, a sua vez, uma melhor conexão com a Unidade.
O caminho do herói-heroína na transformação da sua alma – Psyche – tem como prémio maior chegar àquele momento em que a Revelação se torne “Iluminação” e acontecer, como descreve Akhenaton, no seu hino ao sol: “na maior de todas as alvoradas – Elevar-nos!”
O arquétipo do “Filho Solar” que representa esta vitoria (morte e ressurreição) segue a ser o mais poderoso e agasalhado na nossa civilização ocidental. O Titã Hélios conduzindo o carro do Sol (tema de poder da famosa estátua de Rodes – o Colosso) simboliza este arquétipo. Rodes por sua parte era ilha consagrada ao culto arquetipal do mesmo Hélios.
Os gregos transformaram a cidade egípcia de Lunet Mehet – o “Pilar do Norte” – em Heliopolis ou cidade do Sol – Mantendo em ela a devoção a divindade solar egípcia de Amon-Rá – Com a fundação de Alexandria, Heliopolis, vai perder relevância.
O filho solar – tem sua contraparte – ou filho lunar – Sendo ambos aspetos contrapostos, num universo dual, do mesmo (universal) arquétipo. O guerreiro solar desenvolve o aspeto protetor, o guerreiro lunar o predador – ambos dentro da coluna do Rigor
Por sua parte o filho Amoroso – equilibrado desenvolve o aspeto sanador – redentor – sendo o verdadeiro “cordeiro de deus que tira os pecados do mundo”; enquanto o filho amoroso desequilibrado – “cordeiro de deus que tira erroneamente pecados do mundo” Desequilibrado no excesso de amor – permite o abuso que cria maledicência – sem reparar o maltratador no sacrifício do filho amoroso em excesso.
Lembrar que a harmonia natural, como ensina o Tao, sempre busca o equilíbrio do Amor Rigoroso e do Rigor Amoroso.
A luta do filho solar contra serpente (presente em muitas mitologias) é interpretada, por algumas autoras feministas como a constatação da chegada do período patriarcal guerreiro que mata o antigo culto a Deusa Mãe (mais pacifica) representada pela serpente – No entanto, achamos nós, estar diante dum simbolismo mais profundo que representa o vencedor do seu inferior – a serpente que se arrasta pelo plano material – que, a sua vez, pode deixar-nos indícios do fim dum ciclo matriarcal já em decadência entrópica – Associando a serpente ao lado feminino caído nas sombras do caminho anti-evolutivo ou involutivo contrario ao bom caminho ou Dharma – e dizer o Adharma.
Assim Apolo vencendo a serpente que lhe impedia a entrada na ilha de Delfos (onde ira situar seu templo) pode representar, a vez que o vencimento de sua sombra inconsciente inferior – também a substituição (ocultamento) do velho culto feminino lunar agora decaído –. Mudanás ciclícas de um pólo a outro, ate a humanidade, por meio de elevar sua tónica espiritual atingir de novo o equilibro que permite cultuar (sem véus), no amor sabedoria e no rigor, tanto o sagrado feminino como o masculino.
Deste modo poderemos melhor interpretar Yaweh vencendo o Leviatã, Indra abatendo o dragão Vitra, Thor derrotando a serpente Midgar, Zeus lutando com Tifão ou Marduk com Tiamat – como essa cíclica subordinação (aqui do ciclo patriarcal impondo-se sobre um matriarcado em decadência), a vez que o vencimento da sombra psíquica inferior (individual e coletiva) - Pois a serpente que Apolo mata vive debaixo da terra - simbolo universal do submundo - subconsciente e inconsciente.
Dai, de novo entender como o trabalho de conhecimento, transmutação e melhoramento na realização precisa desvendar a sombra da ignorância que impede à visão revelada – de conquistar a devida evolução - quebrar as portas da ignorância. Saber que permita de novo entender e cultuar o poder do sagrado feminino e masculino, a par, ativando o Grande Arquétipo Universal dos Gémeos.
Em Tiphareth realizamos a crucifixão ritual: morte para o profano material – renascimento no sagrado espiritual – que permite após a Revelação - Redenção e Reintegração na Origem.
Ao realizar a mesma se quebra o véu de Paroqueth (que impede a passagem do mundo pisco-emocional e mental da ilusão ao plano da espiritual realidade)
Quebrado o véu que encobre o Abismo de Daath – com o poder do renascimento pode ser ultrapassado – permitindo a energia do Pai Chokmah – penetrar no peito do filho crucificado em Tiphareth – abrindo a conexão com a Ponte Kether – para chegar ao Todo-Uno-Imanifesto AIN-SOPH.- cuja Luz Ain-Soph-Aur (através da árvore da vida) vitaliza o mundo.
Os movimentos religiosos sucedem-se, seguindo as diversas latitudes e as diversas etapas históricas, sendo o “Arquétipo” que prevalece. Mas temos de ser cuidadosos e evoluir ajeitadamente (conhecendo a cósmica Lei – e seu caminho do Dharma) para saber ativar os aspetos duais dos arquétipos em equilíbrio, o que permite fortalecer a harmonia do planeta.
Saber utilizar nosso poder mental, tendo antes dominado nossas energias mais obscuras e densas. Domínio do campo emocional, facilita o pensamento libertado de carga: ódio, ira, ressentimento, rancor, medo, desejo de dominação – permissão, por medo, para ser dominado…
Evitar instintos auto-destrutivos, construir a calma que permite o auto-aperfeiçoamento é uma das múltiplas chaves. Como bem nos adverte o mestre brasileiro Roberto Luciola, no seu já referido caderno Fiat Lux nº 19: “Milhões de criaturas, por falta de conhecimentos iniciáticos e conseguinte evolução, usam indiscriminada e inadequadamente o seu poder mental, indo assim a povoar a Aura da Terra com verdadeiras egregóras ou conglomerados de matéria psicomental das mais baixas vibrações que ficam pairando no espaço astro-etérico como sombrias nuvens sinistras, que a qualquer momento, por condensação, podem materializar-se como catástrofes demolidoras (…) Sabemos que as forças elementares apresentam-se de forma livre, como energia liberada na natureza que constitui a matéria-prima dos Planos Cósmicos, e como forças encadeadas no Homem formando os diversos veículos (Físico, Astral e Mental). O objetivo da vida encadeada consiste em aprendermos esses elementos encadeados em nosso corpos. Este é o grande desafio que se lhe apresenta à Mónade em sua jornada, quando mergulhada nos Planos Físicos. A sabedoria dos Deuses ensina que aquele que conseguiu dominar os elementais encadeados em seu ser é considerado Vencedor do Ciclo, portanto, está em condições de dominar os elementais livres da Natureza, fazendo com que a mesma, em todos os aspetos subtis e densos, lhe seja dócil e obediente. É este facto que explica os chamados “milagres” operados pelos Grandes Profetas e Adeptos de todos os tempos”
Apolo era o grande arquétipo grego do Filho Perfeito – Zeus era seu pai e a Titanesa Leto sua mãe – Com ele também temos o arquétipo menos ativado (no nosso período patriarcal) dos gémeos espirituais (em trabalhos de espiritualização – transformação – dentro da matéria) junto com sua irmã Artemis
No mundo celto – galaíco – este arquétipo dos gémeos espirituais se correspondo com Lugh e Briga, sendo muito utilizado, na sua época histórica.
O arquétipo dos Gémeos Espirituais – segundo o conhecimento teosófico e eubiótico – estava plenamente ativado no período de esplendor da “Mitológica Atlântica” – Nesta narrativa teosófica e eubiótica podemos navegar pelo ideal sonhado que sugerem todas as mitologias da Era de Ouro, quando a Divindade estava presente e instruído ao seres humanos na face da Terra. Sendo os míticos Mu-Isis e Mu-Iska – os representantes da mesma naquele anelado e sonhado período atlante.
Depois do terrível acontecimento do deicídio da parelha espiritual, narrado pelas crónicas teosóficas e eubióticas, a essência divina teve ser recolhida e retida da face da Terra. O mito celta – cristão da Taça do Graal encerra este mistério.
Desde então o período matricial tem-se revezado com o período patriarcal – a Era de Ouro – perdida – descendendo a Era de Prata – Bronze – ate chegar a atual Era de Ferro – ou Khali-Yuga – Era (esta última) do excesso de polaridade e guerra – destruição e aprendizagem de terrível rigor pelo atrito e a morte.
Aguardando o tempo da mudança e trabalhando os humanos mais conscientes por acelerar o transito para chegar de novo a Era de Ouro – do Amor Incondicional e a Fraternidade Humana - todo será possível. Todo será feito!
Para isto acontecer é preciso ativar de novo o Arquétipo dos Gémeos Espirituais (que simbolizam na psique humana a parelha – inicial do Pai Cósmico e a Cósmica Mãe – que unidos criam os mundos) e - que se unem pelo amor e devoção à criatura humana, fruto da sua união – Ativar este Árquétipo dos Gémeos Esprituais será um primeiro grande passo para, finalmente unir e fazer cooperar e se complementar – ao invés de concorrer e guerrear – o resto de todas as outras, menores, polaridades…
A mente humana tem esse privilegio de criar – e de novo este Arquétipo harmonioso – implementar na Nova Egregóra – a formar-se já – neste tampo de travessia - transição para a Nova Era.
Mas antes teremos de nosso corpo emocional dominar – pois os pensamentos surgem daquelas nossas iniciais emoções, mais alteradas ou mais equilibradas – gerando harmonia ou caos, afetando para bem o para mal a sanidade do conjunto de habitantes deste nosso formoso planeta.
E se a Divindade nos fez “irmãos maiores” – gestores deste belo local de aprendizagem – Mãe Gaia – é por que temos o potencial de, com amor e rigor, essa missão fazer
Assim que vamos todos trabalhar com esmero em esta nobre senda – Começar pelo óctuplo caminho do Budha – pelo Amor Incondicional do Cristo – pela nobreza de Lugh o "perfeito em todas as artes"... Trabalhando, cada um, a nossa pisque - este será o inicial passo do novo recomençao - do novo principio.
A Paz seja com todos o filhos da luz – os Bons e Generosos – deste planeta azul e verde.
Os Gémeos Espirituais ou o Caminho da Transformação aberto para todos
No Mito de transformação da crucifixão do filho – temos o caminho da transformação – reservado somente aqueles “vencedores de ciclo” - por meio da morte para o material e renascimento na libertação do espírito. Mas o “arquétipo transformador” somente estava ativado no masculino. Observamos aqui a marca indelével do “ciclo patriarcal” – ocultando o lado transcendente do feminino sagrado.
No mito mesopotâmico da Deusa Isthar – temos a descida ao inframundo da divindade na procura de recuperar a alma do seu amante – ou gémeo espiritual – Tammuz (após dar-lhe instruções a seu servente Papsukal de ir no seu resgate, se ela não regressar). No caminho Isthar é despojada de todas prendas que simbolizavam sua gloria e poder – Desafiada pela sua irmã Ereshkigal – a Deusa – devera desfazer-se, uma a uma, das suas sete vestes, segundo vai atravessando cada um dos sete portões do inframundo (a famosa “dança dos sete véus” tem a ver com esta nudez espiritual da Deusa Isthar, na sua baixada aquele submundo do inconsciente e sub-consciente – onde se encontra aquilo que ocultamos de nós e dos outros). Ao abandonar aqueles véus Isthar monstra sua verdade – seu poder interno – sem enfeites de poder exterior -´o que lhe permite reunir-se com o Amor – simbolizado por Tammuz- mas desta vez, sem condições – Isthar vai conhecer o Amor Incondicional
Isthar – Innana – correspondência com o planeta Vénus – a estrela da manha.
Quando Isthar chega diante da Rainha dos Mortos – aparece pendurada de um gancho (“crucificada” – crucifixão ritual) – Resgatada finalmente – com ajuda de Ninshubur e, pela astucia do Deus da sabedoria Ea (aquele sumério Enki) – regressa à gloria imortal- agora como “Rainha dos Céus” – Temos aqui na descida ao “inferno” psicológico interior – no pendurar do corpo na vertical do “gancho” - e na ascensão final ao céu – O caminho de transformação próprio de todo herói mitológico (no ciclo patriarcal reservado somente para o Filho – ou o herói masculino)
Em este caminho temos a tripla libertação: do corpo – da alma e do espírito, que acontece ao obter - conquistar a tripla sequencia sagrada da. Revelação – Redenção e Reintegração.
A Revelação que somente pode obter-se ao aprofundar no interior da alma – no mais profundo – onde se ocultam nosso piores temores – e vencer os mesmos equivale a vencer o medo à morte – a Redenção - obtida na crucifixão: provação sublime de afrontar o medo à morte – vencer o mesmo e ultrapassar a dor física – para finalmente obter a Reintegração na Fonte Primordial – o celestial Palácio – Morada original do Espírito.
Este mito também está simbolicamente refletido no céu – no ciclo do mesmo planeta Vênus (associado as deusas lunares – que contem em seu interior o poder solar do conhecimento e da ressurreição (lembrar que lua reflete a luz solar pela noite) – Innana-Isthar, Issis, Afrodite, Danu, Tonantzin (nossa mãe)… entre outras - são deusas associadas aos ciclos também da lua -).
O planeta Vênus aparece no céu como estrela brilhante da manhã, quando está marchando diante do sol. Ao aproximar-se com o sol, fica por um tempo invisível. Finalmente, o planeta aparece como estrela da Noite.
Esta tripla sequencia – lembra também as Deusas Triplas do feminino primordial como a Deusa Celta Galaica – ou a mesma deusa nahualt (mexicana) Tonantzin (a mãe de todos os Deuses)
A Revelação tem a ver com a brilhante estrela da manhã (correspondente a Deusa nova – a jovem mulher que da os frutos do campo da abundância) - A Redenção tem a ver com aquele Vénus oculto – trabalhando no profundo do inconsciente e subconsciente – para liberar-se do medo à morte (a Deusa Madura do conhecimento – no plano material, o outono – No plano psicológico o caminho da matriarca) – A Reintegração tem a ver, finalmente, com a estrela de Vénus noturna – a Rainha Brilhante do Céu (representando a Deusa Velha – no plano material o inverno – dos campos ermos – No plano psicológico a elevação daquela que obteve a transcendencia - esvaziar-se das sombras - o vazio espiritual: a volta a Vacuidade Mística – A vacuidade da Libertação Final do Samadhi – a verdadeira cristã Santidade – ou União com todo o Universo)
Ativar de novo o “Arquétipo dos Gémeos Espirituais” – permite ultrapassar o período cíclico matriarcal e patriarcal – onde em cada ciclo uma das polaridades se impõe (ocultando a outra) – permite ativar na Egregóra do imaginário coletivo – o equilíbrio entre as polaridades – harmonização e fim da luta entre os supostos contrários - agora reconhecidos como complementares
O tempo dos Gémeos Espirituais - é o tempo da complementariedade entre as polaridades - do reconhecimento da unidade - da qual nascem as dualidades
Imprescindivel regatar o Arquétipo dos Gémeos Espirituais - para, no seu tempo, poder chegar a sonhada Idade ou Era de Ouro – anunciada em todas as mitologias – a Satya – Yuga – onde a paz fraterna, a ajuda mutua e complementaridade governa.
Na Mitologia Indiana – Temos os diversos períodos bem especificados – Para ela são muito longos – no entanto, muitas mitologias falam de períodos curtos – milenares – entrelaçados entre estes outros mais longos - como a ideia milenariasta de Joaquim de Fiori - anunciando a Idade de Espírito Santo - Tempo intermédio duma Satya-Yuga milenar (Idade de Ouro menor) em meio de Yugas mais amplas…
Tudo dentro do emanar divino - que visa espiritualizar a matéria profando - condesando sua luz na densidade da pedra
Assim afirma a tradição indiana que a manifestação por emanação se produz – tal como afirma a mesma Kaballah hebraica e outras tradições indicam: “Quando a dissolução do – Pralaya (Período de Descanso) – chegou ao seu fim, o grande Ser – Paramatman ou Para-Purusha -, o Senhor que existe por si mesmo, do qual e pelo qual todas as coisas foram, são e serão - Resolveu emanar as diversas criaturas da sua própria substância (Período da Manifestação)” As criaturas nascem da mesma substância espiritual - emanando - plano a plano cósmco densificando - ate atingir o último plano material mais denso - na Kaballah chamado de esfera ou Sefirah de Malkuth
A partir daí no "Mânava-Dharma- Sâstra" – no livro I – Slokas 7-8 fala das Kalpas – com seus Tempos de Manus ou Manvataras – suas Divya-Yugas e suas Yugas
Cada Kalpa correspondendo a um dia de Bramha ou período de manifestação (Manuantara) – ao que segue uma noite de Bramha ou Pralaya, período de descanso.
Ativar, então, o arquétipo dos Gémeos Espirituais – nos permite aproximar-nos desse período de Amor Universal, para o qual sem saber – com suas quedas e ascensão – trabalha toda a humanidade.
NOTA – PERIODOS DA TRADIÇAO INDIANA
– segundo o Mânava-Dharma-Sâstra, livro I, slokas 7-8.
Um Kalpa corresponde a 4 320 000 000 anos terrestres (14 Manus com o total de 4 294 080 000 anos + 25 920 000 anos de alvoreceres entre cada Manu) que corresponde a um dia completo na vida de Brahma
Sendo o ano de Brahma de 36 mil Kalpas,
Cada Kalpa – equivale a dia em que se dá a expansão do Universo - e uma noite na qual se dá a sua regressão – Descanso - Pralaya.
Logo, multiplicando 36 mil Kalpas por 8,64 bilhão de anos (2 x 4,32, um dia mais uma noite de Brahma), dá o resultado 3.110 400 000 000 (3 Trilhões e Cento e Dez bilhões e 400 milhões de anos terrestres) correspondendo a um ano de Brahma.
Por sua vez, cada Kalpa é dividido em Manvantaras (“Tempo de Manu”), com a duração de 306 720 000 anos terrestres.
Manus são “os Progenitores” da humanidade – as criaturas” criadas por Brahma, e que por sua vez criam mundos e vida como a conhecemos.
Cada Manvantara é dividida em Divya-Yugas (4 320000 anos), por sua vez divididas em 4 Yugas (Eras),
As Yugas – Eras – são separadas por períodos chamados de Sandhis, “que são períodos de descanso dos Manus” e que correspondem a 10% de cada período.
A descida ao Sub-mundo – para nossas sombras limpar e integrar – Revelação – Redenção – Reintegração
Temos na mitologia suméria um episódio de transformação – obtida a revelação que impulsa a procurar a redenção, por meio de limpar as sombras e integra no nosso todo sua luz, para finalmente reintegrar-nos do mundo espiritual do Todo-Uno, após o renascimento.
A descida da deusa Inanna ao submundo, para enfrentar a “Senhora dos Vastos Caminhos” Ereshkigal – Rainha do Cur-Na-Gi ou “Terra do não retorno” – marca a viagem da descida da consciência individual ao sub-consciente psicológico para remover as sombras, transforma-las em luz e obter (após a crucifixão ritual) o Amor Incondicional, daqueles vencedores de ciclo, que triunfaram os derrotar o medo atávico à morte.
Nos fala, aqui, do encontro como o próprio “Guardião do Umbral” – para dissolver os laços negativos cármicos (criados em várias vidas – varias caminhadas) e transcender a procura da luz interna – nosso Eu Superior – o Divino em nós.
Inanna (Isthar para acádios, babilónicos e assírios) encarna o caminho de transformação feminino, o trabalho fundamental da Filha Divina. Sendo seu gémeo espiritual Dumuzid (Tammuz), aquele que marca o caminho do transcender masculino do Filho Divino.
Ao igual que pro meu do Filho Divino se ascende ao comunhão com o Pai Cósmico – por meio da Filha Divina se eleva um a conexão com a Mãe Cósmica
Associada ao planeta Vénus e a quinta hierarquia, sua estrela de oito pontas (como a estrela de Lugh ou Briga) representa a estrela dos transformadores da humanidade no coletivo e dos indivíduos no particular. O caminho da Redenção, após obtida a Revelação, que superado conduz a Reintegração na Unidade – na Origem.
Nabucodonosor II mandou construir a 8 porta interior – o Portão de Isthar (Inanna) na Babilónia. Referenciado o 8 o símbolo do infinito – e da oitava acima: a elevação
Por seu lado Ereshkigal (Senhora das Grandes Profundidades) representa o aspeto inferior feminino (a transformar). A alma selvagem (a transmutar) – O instinto mais animalesco, relegado e as vezes reprimido em nosso sub-consciente; mas também simboliza o amor mais natural, apaixonado, entregue aos instintos e livre da culpa
A descida de Inanna – Isthar ao submundo obscuro de Ereshkigal, para resgatar sua contraparte masculina, seu gémeo, Dumuzid – Tammuz, marca um percurso guia para a libertação da alma das pesadas cadeias da morte. Descreve o trabalho interior de sanação das feridas psicológicas e integração das sombras, em nossa psique, através da aceitação, transformação e transmutação das mesmas – convertendo-as e diluindo-as com a luz da esperança.
O resgate de Dumuzid – Tammuz por Inanna – Isthar simboliza a harmonização do nosso masculino e feminino interior e, a superação do medo à morte (por meio da crucifixão ritual – o pendurar na vertical da guerreira -guerreiro espiritual entregado ao sacrifício, por si e pela humanidade)- Obtendo a libertação final do apego material e elevação espiritual que unifica com a Fonte.
Trabalho de mudança da radiação dialética (própria do ser inferior submetido ao medo e a precaução racional) – através do emanar da radiação gnóstica (própria do ser superior – imortal – livre de todo desejo – anelo – apego instintivo). Transmutação da vida energia instintiva em Vida Consciência reflexiva. O reflexivo conhecimento que se volta sobre si mesmo. Observação atenta e profunda do caminho do espírito. O ser que obtendo a revelação toma consciência da sua realidade que transcende.
Libertação – obtenção da irradiação da gnose – na altura correspondente, quando o ser humano atingir a tónica evolutiva precisa para enfrentar esse desafio – tão poderoso – reservado para o vencedores de ciclo.
Quando estivermos em esse patamar evolutivo nossa própria vontade espiritual – dirigida pela intenção elevada intuitiva – nos impulsionará em essa direção – é aquele Arquétipo, do Filho ou da Filha (segundo sejamos homem ou mulher) dar-nos-há a força para assumir e vencer a mais difícil de todas as provações e, a sua vez, iluminar-nos-há o caminho…
O equilíbrio dos gémeos espirituais – com a recuperação dos respetivos “arquétipos” (masculino e feminino) permitir-hão à humanidade avançar em esse transformador caminho de libertação das sombras guerreiras, causadas pela ignorância da dádiva do amor estar, em nós, presente… E nos encaminharão, mais adequadamente, pela senda da superação individual e da coletiva e sonhada fraternidade humana.
Para este objetivo conquistar – a Vontade do “Amor Incondicional” inscrito na semente do Pai Cósmico – (que é a criadora da multiplicidade dos mundos) – deverá ser bem direcionada pela “nobre intenção”, para a “Redenção”, após a boa Revelação, atingir o seu sucesso. Permitindo-nos avançar – na via ascensional. Encaminhar-nos à Fonte Original e ter a possibilidade da libertação final na Reintegração no Todo-Uno-Indivisível
Doutro jeito se essa “vontade amorosa” ser mal direcionada, pela inobre intenção – conduzida esta intenção pela gula, luxuria, avareza… Dirigida pelo ódio, ira, fúria medra – ao invés de penetrar na senda da Redenção – optaremos pelo caminho da Perdição.
Abandonaremos, guiados pelo poder medroso a luz da vida – afastando-nos do amor-sabedoria da Mãe Cósmica (a senda que tão bem descreveu Sri Aurobindo) – Deixando o medo – temor ocupar nosso espaço psicológico. Focando nossa atenção na via que conduz a “morte” – A morte para o espírito libertador – permitindo cadeias negras asfixiar nossa “ânsia” por libertar de sombras nossa alma.
“Vigilância dos Sentidos” é vital para, pela necessidade, iniciar com decisão o combate contra nossos medos.
O “címbalo tilintante do coração” deve ser aprimorado para acompassar o caminho do despertar e da espiritual descoberta. O esforço do coração por achar à luz do Amor Incondicional é o verdadeiro esforço do ser por transformar-se.
Daí que em libertar-nos dos nosso medos, não será possível, a pesar de obter centelhas de Revelação, encontrar a senda da Redenção (chave da libertação) e encaminhar-nos a Reintegração no Todo.
Ativar o “Arquétipo do Gémeos Espirituais” facilita essa dura, mas esperançada, tarefa para acordar , em algum momento, dentro dos braços abertos da Cósmica Mãe, onde a semente do Amor-Incondicional do Cósmico Pai, em seu útero se resguarda. Acordar protegidos e cheios de coragem para realizar os trabalhos que para nossa evolução sejam precisos.
A Inanna – Isthar que morre – pendurada na vertical – recuperando sua contraparte espiritual masculina – e renascendo no céu noturno – como Rainha Celestial – marca precisamente esse caminho da Revelação – na escola da vida; a Redenção – dentro do teatro da vida (descida aos abismo psicológicos e trunfo sobre nosso guardião da sombras) – e a Reintegração (dentro do nosso Templo) – uma vez a alma aprimorada…
Sendo esta “senda de Inanna” aquele caminho que marca na cabala a transformação da alma instintiva de Nefash, com a racional alma psicológica de Ruach – a sua vez transmutada pela espiritual Alma de Neshamad – abrindo a porta de Reconexão – com o homem universal Adam Kadmon – e com o seio da Cósmica Mãe – permitindo-nos de alcançar (como vitoriosos de ciclo) a paz interior – Obter o Samadhi
Samadhi – ou “correta contemplação” – fim da luta combate – atrito na dualidade – já obtida a integração da polaridade inicial – nosso masculino fundir-se no nosso feminino (Bodas Alquímicas) – Atingindo nossa Consciência a mais elevada compreensão da existência de todo estar em todo e o todo no uno : permitindo-nos a comunhão total com o universo.
A descida de Inanna – Isthar marca esta rota. Ativar o “Arquétipo dos Gémeos Espirituais” abre a possibilidade de ir, devagar, entendendo este processo – para finalmente a fraternidade universal – deixar, em algum momento da historia, de ser um bonito sonho…
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