OS TRABALHOS DOS KUMARAS - por Artur Alonso
"Vês esta imensidade sublime que rodeia a terra em todas as partes? Eis aí Zeus, eis o
Deus supremo" (Euripídes)
“Os pesquisadores franceses Michel e Françoise Gauquelin passaram anos combinando dados que indicavam que a posição dos planetas realmente influenciam nossas vidas. Os Gauquelins concentraram sua atenção em identificar e confirmar as localizações planetárias em carreiras profissionais bem-sucedidas – fator mais mensurável do que alguns dos aspetos mais intangíveis que formam os alicerces da astrologia. Milhares de datas de nascimento, lançadas no computador, levaram à conclusão de que a ascensão e a culminação dos planetas (ou, ao menos, dos “sete planetas antigos”) representam um papel importante na identificação dos traços de caráter que levam alguém a seguir um caminho em particular. O astrónomo britânico Percy Seymour, após estudar os dados dos Gauquelins, desenvolveu uma nova teoria de magnetismo celeste para explicar a influência dos planetas sobre a natureza humana”
(Do livro “Astrologia e Mitoloia – Seus Arquétipos e Linguagem dos Símbolos” de Ariel Guttman & Kenneth Johnson)
Observamos, aqui, que as hierarquias de luz, quando trabalham na terra, por meio dos Kumaras e dos seres ascensionais, encarnados em esta realidade, para melhorar a evolução humana, descem à Terra, no momento adequado, no local adequado, na família adequada, para realizar sua missão de auxiliar à humanidade e, para seu próprio aperfeiçoamento espiritual.
Na hora certa, com a conjunção planetária precisa, na barriga fértil da mãe escolhida; no entorno familiar, social, político e no país e região mais ajeitadas para cumprir seu desenvolvimento chegam a este mundo os filhos das Hierarquias luminosas.
Aqueles filhos e filhas dos Deuses, com sua parte divina e sua parte humana, como reflexa o acervo mitológico das diversas culturas do planeta, que representam este fenómeno, em suas diversas simbólicas personagens, com diversos nomes e diversas narrativas… Mas unidas todas estas histórias na essência comum, como unidas por essa mesma essência estão as diversa culturas do mundo. A essência que resguardam no seu ventre a mãe terra, a mãe natura e a mãe cósmica…
Nós também chegamos a este plano, no momento, local, família adequada para nosso desenvolvimento e nossa, particular missão… Unindo-se por todo o mundo as centelhas de luz, mais preparadas para carregar (“a quem mais lhe for dado mais lhe será exigido”) o fardo mais pesado daqueles trabalhos tão necessários para encaminhar a humanidade a LEI – a senda do bom DHARMA, para evitar o afastamento da boa natureza, pela trilha sombria do ADHARMA
A Luz atuando por meio das figuras simbólicas
"Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que sonha a tua filosofia" ("Halmet" de William Shakespeare)
Segundo o hinduísmo os “Kumaras” são os quatro filhos mentais de Bramha. Sanak, Sanatana, Sanandana e Sanat-Kumara são seus nomes segundo o “ Bhagavata Purana” e estão incluídos entre os 12 Maha Yanas ou “Grandes Devotos ou Bhaktas”
Segundo a teosofia os “Kumaras” são seres espirituais que se tornaram mortais para auxiliar – ajudar a humanidade na sua evolução. Segundo alguns estudiosos espirituais a visão dos Kumara daria origem a narrativa judeu cristã dos “Anjos Caídos” e os Anjos fieis a Deus – sendo que Sanak seria o próprio Arcanjo São Miguel.
A sua “Revolta” teria mais a ver com sua negação a procriar e viver em castidade, renunciando a ter estirpe, algo que deixariam para seres menos evoluídos – enquanto eles se entregavam a auxiliar à humanidade desde planos mais elevados; pois eles seriam seres “arrúpicos” ou sem forma.
Sanat Kumara é considerado uma deidade no Jainismo. É identificado também com Kartikeva, o chefe dos exércitos celestiais que elimina ao demónio da ignorância ou “Takara”
Helena Petrovna Blavátskaya ou Madama Blavastsky referenciava também Sanat Kumara como um símbolo para certas qualidades do intelecto superior. Um potencial arquétipo para auxiliar no despertar espiritual da humanidade.
Sanat Kumara ou o “Eternamente jovem” pode representar o dirigente da hierarquia espiritual, que junto a corte dos Avataras, realiza trabalhos na matéria para encaminhar a humanidade pelo caminho da luz, da sanação, reconciliação e reintegração na Fonte Original da vida. Evitando a auto-destruição das trevas. Recuperando a senda da sanação.
As etapas trabalham para a evolução – mesmo com períodos de involução
“A consciência é a estrutura das virtudes.” (Francis Bacon)
A evolução , segundo o poeta sufi Rumi, se desenvolve em etapas – fomos minerais, fomos vegetais, fomos animais – em estes estados fomos desenvolvendo certos aspetos de nossa cobertura física e psíquica atual – Desde o instinto animal passamos agora a ser seres racionais, graças a obter neste estagio humano pelo poder do Mental racional ou “Manas” –
Essa obtenção do poder do raciocínio - pensamento mental está associado, na mitologia grega, a “Prometeu” aquele que legou o fogo da mente aos seres humanos. Esse fogo alegórico é o fogo espiritual, labareda de “Agni” que pode despertar a consciência mental em nós, convertendo-nos em seres pensantes.
Graças a essa ação de “Prometeu” nasceu esse novo ser individual, “mental ou manásico” com capacidade de gerar melhor seu “livre arbítrio” A partir dai fomos desenvolvendo nossa personalidade psíquica. Sendo o regalo extraordinário recebido com a mente, o famoso da capacidade decidir. Agir por nós mesmos, que com a ignorância – desconhecimento – se torna um caminho de cegos em procura da redenção – Em busca do conhecimento que nos liberte dos erros cometidos por tanta Ignorância.
A partir deste poder da psique, vamos desenvolvendo (pela experiência destas vida e outras vidas) a Consciência mais elevada. Para finalmente ter hipótese de chegar ao Mental Intuicional – que nos permitirá caminhar ate um estado mais espiritual de Consciência mais Pura….
Como temos de aperfeiçoar a psique, ainda mantendo vivo o impulso intuitivo – apaixonado do animal (e devido a direito de “livre arbítrio”) se torna muito duro, sacrificado e mesmo difícil, para nós, acalmar, educar e aperfeiçoar aquela psique, aquela mente pensante. Daí, ser preciso o auxilio de nossos irmãos maiores – simbolismo do mito indiano dos “Kumaras” e as hierarquias de luz a eles associadas…
Os guias nos podem ensinar o caminho de “Dharana”: a concentração (que permite controlar o fluxo de pensamentos, evitando a dispersão) – Aprendendo e apreciando o viver no agora, do que nos fala em seus livros Eckhart tolle, quando afirma: "As soluções sempre aparecem quando saímos do pensamento" ou ''Onde quer que você esteja, esteja por inteiro.''
Uma vez aprofundando na porta de “Dharana” podemos avançar a casa de “Dhyana” onde a contemplação profunda da meditação permite a introspeção mais adequada, transitando para pratica do desapego.
Mas nada poderá ser feito sem superar o medo. E o medo não pode ser totalmente diluído, sem ultrapassar o apego a “sobrevivência” e a auto-identificação com a personalidade e o corpo.
Aqui, os guias e todas as mitologias marcam o caminho do herói, da transformação pela dor – os 12 trabalhos de Hércules, a procura do Graal dos cavaleiros da tabela redonda e o rei Artur…
E aqui, vamos ir entendendo, que sem o poder do amor o medo não pode ser ultrapassado e, que a relação “amor-medo-ódio” não pode ser entendida sem o minorar da também da necessária “ignorância” de todo começo.
Em esse caminho de descoberta, aprendizagem, que é a vida, vamos devagar encontrando respostas e fazendo caminho, como Machado menciona no seu poema: “caminhante se faz caminho ao andar. Ao andar se faz caminho e ao voltar a vista atrás, se vê a senda que nunca se há de voltar a pisar”
Vamos errando e retificando, no mundo das correções dos sábios cabalistas, ate chegar a entender aquela frase do poeta Rumi: “Sua tarefa não é buscar o amor, e sim, buscar e encontrar dentro de você todas as barreiras que você ergueu contra ele” E com esse brilho compreender o “trabalho do jardineiro” – a limpeza das plantas tóxicas, o cuidado da flor – O aroma da flor como essência e o significado espiritual do poema: “a flor e o canto” do que falavam os avós do Anahuac – o México atual.
Enquanto evoluímos como seres individuais, vamos mudando com nossas ações, junto aos irmãos e irmãs que estão na nossa tónica evolutiva, a vez que vamos tentando mudar o mundo. Sendo a mudança individual e coletiva para bem naquele grupo ou grupos de pessoas que já conseguiram ultrapassar suas pulsões impulsivas egoístas.
Para pior nos que ainda vagam no “labirinto dos sonhos”, no “teatro chinês das sombras”, no reverso da evolução, nas viagens e experiências “terríveis” que levam, sempre, ao caminho da perdição – Nas viagens tristes, que são realizadas não para nosso castigo, senão para o aprimorar da vontade do rebelde com causa: o rebelde espiritual
Em este caminho da perdição auto-destruição, a maldade surge, como afirmava Budha, da ignorância. A dor aumenta pela ignorância que conduz a maldade – e o círculo da morte da era guerreira da “Khali Yuga” toma seu corpo mais sombrio
No entanto como existe da verdade da ignorância, também, como marcou o Budha, existe o caminho da libertação da mesma. Aquela dor – sofrimento impulsa nossa alma na direção de procurar a luz fora da “Caverna” de Platão: a nova visão conquistada, pelo esforço, perseverança, disciplina, confiança e vontade de mudança. A nova visão que minora ou erradica a cegueira
Aqueles que encontram o caminho (auxiliados, em seu dia, pelos mestres ou guias) se tornam a sua vez em guias dum aluno ou grupos de alunos, duma comunidade ou mesmo da humanidade
Preciso é o auxilio mútuo – para superar a involução
"Teu sangue e meu sangue nada são senão que a seiva que nutre a árvore do céu" (O Profeta de Khalil Gibran)
Precisamente o trabalho dos seres mais elevados, que encarnam neste plano como auxiliares da humanidade é a constituição (em diversas regiões e diversos locais) de irmandades, comunidades, coletivos ou grupos sociais, que com sua maior ética, virtudes e bem fazer… Possam ir encaminhando à humanidade, no seu conjunto, ate um novo patamar civilizacional mais adequado para sua evolução e para a evolução de todas as espécies vivas do nosso planeta (aqueles nossos irmãos menores: animais e plantas da floresta)
Quando a humanidade, em temos de transição civilizacional e sistémica, se encontra na decadência dum modelo civilizacional que já se tornou entrópico, e com dirigentes viciados no cego poder, faltos de empatia com seus próximos mais carenciados… Se faz iminente pelo desastre em cernes, a irrupção do “mito dos filhos de Deus ou Avataras” de todas as tradições
A equação de Aristóteles “Democracia – Demagogia – Tirania” toma seu rigor mais profundo. A democracia alcançada no esplendor civilizacional, decaí para a demagogia própria do período de decadência civilizacional e abre a porta para que uma nova civilização irrompa, noutro ponto do planeta, para fazer o revezo da velha.
Quando os dirigentes demagogos da civilização em queda se negam a dar revezo amoroso a novo centro, a tirania toma a forma mais extrema, nos dous lados da balança, encaminhando o processo histórico a guerra – derrubo e reconstrução – Shock e Catarse.
A espada dos Alexandre – aquela dos dos protetores da humanidade – em estes difíceis transitos, surge (sai do Lago e entregue pela Dama das águas ao “Novo Protetor”), para frenar o mal e encaminhar as sociedades a luz da civilização.
Surge, aqui, o condutor dos exércitos do novo plano civilizacional que confronta com os exércitos da entropia cultural. Seu dirigente máximo e seus colaborades (aqui no plano “rúpico” ou com forma - físico), são orientados pelas hostes de luz dirigidas pelos Kumaras (desde o plano “arrúpico” –ou sem forma – não físico)
Simbolicamente chegam os Alexandre Magno, Alexandre Nevsky, Ciro I, Bolívar, Zapatas… Independentemente das luzes e sombras das personagens históricas. O simbolismo do Alexandre reina, na sua etimologia. Auxiliados pela força espiritual que traz consigo a construção dum novo centro civilizacional, impulsam o avanço da luz cultural e o retrocesso das sombras entrópicas…
A cita do filme “Alexandre Nevsky” de Sergei Eisentein: “Aquele que vier até nós com a espada, pela espada morrerá” (parafraseando a cita bíblica “todos os que empunham a espada, pela espada morrerão - Mateus 26:52)– resume o poder de vitoria na batalha outorgado pelos “Kumaras” aos defensores da Ordem contra o Caos. Vitoria da civilização em andamento contra a barbárie em descomposição.
A espada dos libertadores sempre tem dous gumes: um que premia e abençoa e outro que fere e castiga. É o amor rigoroso e o rigor amoroso atuando – segundo as circunstancias.
Deste modo a humanidade, auxiliada pelos seres de luz “arrúpicos” trabalham com amor nos tempos de ascensão cultural e com o rigor, se nos tempos de decadência – declínio, não houver um amor rigoroso que acomode o período de translação, ficando o rigor rigoroso com única e última alternativa. Fazendo, no caso de excesso de rigor, inevitável aquela frase do marechal Georgy Zhukov: "Quanto mais a batalha durar, mais força teremos que usar!"
Os Kumaras e as comunidades humanas que seguem sua luz evolutiva, acolhem, cuidam e se unem aos “Avataras” filhos de deus, quando surge a descida ou encarnação da própria divindade na Terra, por necessidades evolutivas. Mistério recolhido por todas as mitologias nos diversos “filhos dos Deuses” de todas as culturas: Horus,Mitra, Krisnha, Quetzalcóatl, Viracocha, Lugh e o mesmo Cristo…
Na ajuda mutua chegam os filhos dos deuses
"Quanto maiores somos em humildade, tanto mais próximos estamos da grandeza" (Rabindranath Tagore)
Os Avataras de Visnhu ou do amor, são os mais conhecidos nas mitologias de toda a humanidade como Krisnha ou o Cristo. Como Lugh ou Apolo são “perfeitos em todas as artes” e são identificados com a luz da verdade.
Uma das duas missões, mais importantes entre outras, é fazer aos seres humanos ser conscientes de seus erros, oferecendo-lhes um caminho – guia para a correção e redenção dos mesmos. Apolo etimologicamente “o que não morre” e Lugh “Aquele que brilha” – remetem as divindades solares da aurora da manha – que indicam o caminho luminoso da eterna vida.
Os “cavaleiros perfeitos” como Galahad na lenda do “Santo Graal” e nas historias da tradição artúrica, ao estar na tónica evolutiva dos Kumaras e dos Avataras, podem chegar a beber do licor que vivifica – e encontrar a porta que conduz a eternidade. O encontro com o eterno que procurava Gilgamesh na sua epopeia (o teve na mão e por um descuido perdeu a raiz da vida)
Os Avataras – “Filhos de Deus” – sempre têm funções sanadoras, redentoras. Também harmonizadoras e restauradoras do equilibro natural no macro e do equilibro emocional no micro. Esse seu fazer como guias – que encaminha a Lei – que segue a ensinamento bom, justo e reto – DHARMA, é o bom fazer do amoroso entender o significado da vida. Aquele que permite surgir a bondade e a beleza.
O caminho dos seres humanos na procura de elevar-se pela escada de Jacob. Esse espiralado ascender auxilia e é auxiliado pela mesma evolução (pois quanto mais avançar maiores são os conhecimentos e menor o medo). Sendo essa evolutiva senda, a senda da ajuda mútua entre todos os seres, simbolizada pelos “mistérios dos Kumaras e dos Avataras”
“O termo Ishwara é de origem sânscrita e significa Homem Cósmico. É um Ser da mais alta Hierarquia que na sua Morada Divina é de natureza Andrógina, ou seja, encerra em si simultaneamente as potencialidades masculina e feminina, positiva e negativa, solar e lunar.
Porém, quando se manifesta no Mundo Humano polariza-se como Pai e Mãe Cósmicos, isto é, como Manu Masculino e Manu Feminino. Assim, embora se apresente como um Par ou Gémeos Espirituais, etc., em essência são uma só Entidade. Este fenómeno caracteriza a existência de todos os Avataras do Eterno” (Roberto Luciola – caderno fiat Lux nº12)
Os arquétipos dos heróis míticos ajudam nossa pisque a afrontar o pesado caminho de transformação das nossas sombras, e libertação dos medos. Os medos que minoram o amor, e aumentam a ignorância. O medo à morte que nos faz odiar aquilo que visionamos como contrário. O medo ao diferente que assumimos como inimigo daquilo com o qual nós nos identificamos.
Existe um caminho interno – e um caminho externo. Existe um caminho da estrelas, dos peregrinos a Compostela: o caminho espiritual da transformação. As estrelas que nas diversas culturas tem o significado espiritual das orientadoras, das protetoras e dos astros que conectam com o divino.
Em esse interior peregrinar a Compostela, naquela simbólica caminhada dos “Relatos dum peregrino russo” por meio de ultrapassar as provas da vida, nos vamos melhorando a nós e melhorando, a sua vez, o entorno.
Esses são os evolutivos trabalhos, e os nossos guias superiores os “Kumaras” nos auxiliam nos mesmos… Como nós ajudamos, quando obtermos o superior espiritual conhecimento a nossos irmãos menores os animais e as plantas – tal como fazia São Francisco de Assis e anteriormente, na Gallaecia, o amoroso Prisciliano
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