Os trabalhos do filho – com a ajuda do Pai – O Amor contigo (por Artur Alonso)


 

(Dedicado as nossas irmãs no caminho Íris, Dani, Fátima e Paula, que no sábado 15 de janeiro obtiveram a chave da porta do umbral de uma nova caminhada...)

Na transformação individual sempre é preciso realizar o ritual Eucarístico do Amor. Nesta comunhão fraterna, no aspeto individual o Espírito divino universal com o Divino em nós volta a unir-se no Eterno, que é Todo-Amor

Eucaristia, ação de Graças – do grego εὐχαριστήσας. Dar, entregar o pão e vinho consagrado do filho, “Avatara de ciclo”, para compartilhá-lo com os seus discípulos, antes da crucifixão: da entrega em favor da redenção. Da crucifixão com descida aos infernos interiores, limpeza das sombras da alma, morte para a material egolatria, renascimento para o espiritual amor incondicional sem forma.

Transubstanciação da carne – matéria, do pão e do vinho no “corpo e sangue” do ungido. É dizer espiritualização da matéria - comunhão. Compartilhar o amor – o espírito amoroso abrir-se a todos os membros da comunidade, que podem viver, experimentar, vivenciar o comum da unidade. Pois o comum de toda unidade é o amor, que vence o temor (ódio, ressentimento, reclamação, ou o clamar duas vezes) Sabendo no interior de nosso peito que a verdadeira entrega de amor nunca reclama.

Verdadeiro espiritual comunismo: aquela comunhão com um mesmo, dentro da comunidade, do comum dentro da unidade: que se une ao verdadeiro espiritual liberalismo: o livre arbítrio bem entendido.

Com o espírito amoroso comungamos. A comunhão somente pode ser realizada com o coração. O coração espiritual, a taça que resguarda nosso espírito: a alma pura, sem mácula, abre o espírito ao eterno dar – dádiva, não retém nada para si. A comunhão das almas é a união do amor espiritual que elas resguardam. Amor compartilhado com a comunidade. E lembra na Gallaecia a figura de Prisciliano.

Realizamos assim na “Eucaristia” a união do antigo material profano, agora espiritualizado, com a renovada aliança do filho – do ungido, que abriu o caminho para o acesso dos irmãos ao divino em nós: aquele Amor Incondicional que é a essência da humanidade. O amor puro com o vinho e o pão já transformados no corpo e sangue subtil do ser espiritual – o filho, o ungido.

Dentro de nós a transformação das sombras em luz será realizada, desde inferior, inferno dentro da nossa contaminada alma, que previamente tem de ser limpada, antes de efetuar a comunhão eucarística. Por meio do sofrimento, da dor, da aceitação do erros e do mal existir em nosso interior, através da perseverança, da força da mudança e capacidade de regeneração – redenção, vamos transformado os medos, que geram ódio, em puro amor. Caminho da reintegração no Eterno, o Todo-Uno, que é amor puro sem mácula.

Aqui o arquétipo do Lugh, Júpiter, Quetzalcoalth, Mitra, Horus, Krisnha, Cristo - o filho, o Avatara de Ciclo, o “Ungido”, aquele todo-luz que traz a boa nova ao mundo, nos ajuda a realizar essa dura transformação do Lúcifer maculador da luz no Cristo solar brilhante.

Do Seth  provocador obscuro no Ossíris incandescente do amanhecer que olha para a  “estrela da manha”, previa batalha do filho Horus contra o mal: a luta do humilde vencedor das trevas. Luta interior e exterior- Contra os demónios internos – contra os malvados, deformados pelo ego, seres externos.

Júpiter, o filho de Apolo nos seus trabalhos na matéria obscura porta acima da cabeça a coroa solar, associada ao simbolismo da “Águia” (A mesma do voo elevado ate a conexão com “Wakan-Tanka” o Eterno Pai dos indígenas norte-americanos). A Águia de Júpiter, o mesmo simbolismo de elevação ao céu espiritual e abandono do obscuro material terrestre, que o do Falcão de Horus.

Júpiter, Quetzalcoalth, Lugh, os filhos ascensionados associados ao elemento ar da inteligência. Cujo dia é quinta-feira (jueves em castelhano, jeunes en francês – dia de Júpiter), o dia intermédio que lembra o caminho óctuplo do meio, que permite a iluminação do Budha.

O elevado Filho resguardado pelo Pai, por cima dos 7 Arcanjos diante do Trono. Associado a Metraton – e ao iluminado Enoque, que foi elevado aos céus e transformado em Anjo de Luz, sem conhecer a morte. Enoque convertido em Metraton “Príncipe do Mundo”, Porta-voz divino, mediador entre o Eterno e a humanidade.

Todo ser que ultrapassadas as sombras, vencido o medo a morte, coneta com o Todo-Amor, se converte em guia, e mediador da humanidade e o caminho da libertação – O Eterno, Ilimitidado, por cima do efémero, com limite.

Este vencedor retorna ao mundo com o arquétipo do Filho Divino: Júpiter, Lugh, Mitra, os equilibradores do poder doador “solar” e do feminino poder recetor “lunar” - Harmonizadores do mundo, que trazem de novo o Dharma – Lei, perdida pela humanidade virada na atração dos desejos falsos e dos prazeres efémeros. Essa humanidade perdida no tempo apodrecido e gasto, do declíneo civilizacional, da perda da fé e a confiança...

O poder lunar feminino reflete no seu espelho o oculto, o sombrio, que deve ser transformado: aquela cara oculta da Lua, que nao recebe os raios da graça

Nos tempos conturbados, da perda de valores – declínio do caminho “Dharma”, abandono da Lei natural e da Lei cósmica – queda em “Adharma” - caminho da perdição, surgem as encruzilhadas da guerra – O Marte combativo aparece em suas duas polaridades: o guerreiro louco instintivo e o guerreiro racional – defensor intuitivo.

O filho da luz, reunindo as linhagem dos “Bons e Generosos”, em estes tempos conturbados assume o papel do nobre guerreiro, o “arquétipo” do defensor, amparado pelo poder do Pai protetor. Destrói os guerreiros loucos, a serviço do poder entrópico destrutor, e acima do caos – assenta seu reino, trazendo um novo ciclo de esperança, sonhos por realizar, com ordem, paz e equilíbrio de rigor amoroso e justo.

Renasce a civilização, após o rigor do Pai Saturno, que impele a limpar toda sombra interior – em nós – e exterior – no mundo. O Marte Louco, guerreiro da esfera cabalística de Geburah foi confrontado e transformado pelo rigor do Marte protetor, dentro da su própria esfera, tornado-se o Júpiter amoroso da esfera cabalística de Chesed. O rigor amoroso trunfa na batalha interna de Geburah, o amor rigoroso trunfa nas escolhas virtuosas de Chesed; e ambas esferas se complementam com o solar brilho de Tipherth, a Sefirah do Cristo, do Ungido, onde a crucifixão ritual dissolveu os apegos à matéria. Aqui, no centro da Árvore da Vida - do "Freixo Sagrado do Iggdrasyl nórdico" o Renascer no espírito do filho, permite a volta do bem, da beleza e da justiça ao mundo – o Equilíbrio social, manifestado por Platão na sua "República".

O filho Lugh, Júpiter, Cristo nos ensina a realizar nosso trabalho interior – encontrar nosso sistema, disciplina interior de auto-sanação, auxiliados pela taça eucarística do amor e a espada da vontade do rigor. Nos dá o impulso, no Marte ousado encaminhado ao bem, para vencer os medos, que são o diabo em nós. Vencer o "inimigo interno" para assim entrar na senda da redenção, abrindo o passo para a libertação: Reintegração na Luz do Todo-Amor – Nossa Origem.

No plano físico nos abre o conhecimento da necessidade da “autoridade” moral e ética. O sendeiro da mente ética, que vence a mente habilidosa – serpente do engano. Nos acostuma a aceitar as consequências das nossas escolhas e dos nosso atos. E a transformar a dor dos erros cometidos, em amor experimentado que traz conhecimento. Nos ensina a aceitar toda experiência, sem rejeitar ou fechar-nos no perturbado silêncio (que encobre o grito retido), dentro do caminho da aprendizagem. Nos aproxima do silêncio mísitico que comunica alma com a alma do mundo.

Ate finalmente conseguir o auto-controle sobre os instintos. Ultrapassado o caminho instintivo se abre o caminho intuitivo da elevada razão do Amor que se entrega e nada em trocas reclama. O Amor Incondicional, modificador do mundo.

Júpiter amadurecido se torna Apolo, o Pai, e se converte no senhor, dominador de todos nossos atos. Protetor amoroso e justo, por cima das tentações, as que sucumbem os seres inferiores, deformados pela sede de beber os prazeres baixos do mundo.

Os mais fracos em seu escudo confiam, no seio da Mãe cósmica, consorte do Pai, descansam nos intermédios dos trabalhos requeridos. Adormecem no seu leito às noites, para repousar das fadigas diárias, confiados, sabendo que eles serão guardados pelo Amor-Sabedoria...

O caminho da transformação se cria degrau a degrau, ascendendo a espiralada senda que conduzir-nos-há ao cimo da nossa Montanha íngreme. O sagrado monte, que na vertical, nos alinha com elevado poder que vitaliza o mundo. Somos caminhantes em processo de encontrar o Amor, que sem saber, perdimos... 



Comentários

  1. Gratidão venerável irmão. Gratidão pelas suas generosas e sábias palavras. Que a luz esteja consigo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Gratidão a você irmã por permitir a mútua aprendizagem

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

FIM DO PODER MONOPÓLICO OCIDENTAL? - Por Artur Alonso

“Brasil e a Missão Oceânica”- por Artur Alonso

O CAMINHO ERRADO - por Artur Alonso