A ESPADA DO LIBERTADOR - Por Artur Alonso
O “Labrys”, o machado de dupla lâmina, é o símbolo do “Poder” e da “Mestria” associado a Deusa Deméter. Deméter é a cuidadora do trigo – o trigo símbolo da cultura, que permitiu a eclosão da civilização mediterrânea europeia (o milho da centro americanada). Deméter – Céres cuidadora do alimento, uma poderosa Divindade da civilização greco-romana. O machado da Deusa – é igual a espada de Poder “Gram” forjada por Völundr, na mitologia escandinava (Reiterada por Sigurd da árvore de Odin, permitiu ao mesmo Sigurd derrotar ao Dragão). Representa a Sabedoria e capacidade de combate com conhecimento de causa, como a Lança de Lugh...
Relacionados estes simbolismos com a nobre espada Escalibur, a “cortadora de aço”; a espada do Rei Artur . Escalibur encravada na “pedra” que é etimologicamente um dos significados do nome Artur. Outro significado de Artur tem a ver com o “urso” da Deusa Artio – Deusa também protetora, transformadora, abundante e fértil.
Vemos a ligação dos cavaleiros associados à espada da Justiça com as Deusas que trazem alimento exterior, pelo trabalho; interior, pela transformação. A espada interior remete a coluna vertebral (encravada na “pedra do cóccix”), a espada do corpo. Ligada aos “nadhis” da tradição indiana.
Os nadhis, as três correntes energéticas da coluna vertebral. Ilda, Pingala e Sushumna, por onde correm as energias terrestres kundalini e celestes Fohat (para realizar a metabolização espiritual alquímica: transformação do animal instintivo humano no racional intuitivo humano). A coluna vertebral por onde o ser esforçado, após conseguir a transformação, recebe a radiação gnóstica da que nos falou Jan Van Rijckenborgh nos seus comentários, respetivos, sobre o “Nucteremon” de Apolónio de Tiana.
Essa radiação que penetra os seres que obtiveram a conexão com a luz elevada vertical do círculo cabalístico do “Adan HaRison”
A transformação do sacrifício que permite a conexão céu – terra, efetuada pela vertical do corpo: a espada simbólica da coluna vertebral (que recebe o fogo sagrado solar); ao igual que na natureza, esta é efetuada através dos elevados troncos das árvores (que ajudam a realizar a fotossíntese, onde o tronco conecta a água da raiz com a luz solar e a clorofila das folhas)
As espadas mitológicas, que somente podem ser sustentadas, em alto, pelos seres evoluídos – cuja coluna vertebral, sua espada interior também está conectada com a lei justa, a bondade e a beleza. A espada "Joyeuse" de Carlomagno; a espada “Durandal” de Roland (conta a lenda continha guardada na sua empunhada um dente de São Pedro, um pedaço de tela da roupa da Virgem Maria). "Claymore" espada do herói escocês William Wallace. "Zulfiqar" a espada que Maomé legou a seu genro, o guerreiro Hazrat Ali...
Estamos a falar da espada dos Alexandres – Alexandre etimologicamente o “protetor dos homens”, o protetor dos seres humanos, o vencedor dos apegos e desejos, o que caminha por cima das paixões. Vencedor das atrações mundanas, no interno – interior. Vencedor dos deformados, maldizentes e corruptos que pretendem dominar aos povos, no externo - exterior. Protetor, pois, dos indefesos.
A espada resguardada na coluna vertebral, daquele ser de luz alinhado na vertical com as hierarquias celestes. Emissório do rigor para combater o desamor, com capacidade para travar a guerra perversa e desarmar os violentos que tentam destruir a harmonia na Terra. A espada dos Alexandres é pois a espada da Lei. Da Lei justa e perfeita. Do bem, do bom, da justiça que protege a beleza interior (o amor) e exterior (a forma linda que transmite esse amor na natureza e no arte).
Aquele ser que se converteu no libertador, após ascender a luz espiritual, uma vez entregada sua alma mundana após a morte para o material (descendo a seus infernos e obtendo a vitória sobre seus demónios) e, conquistando a ressurreição – reintegração no caminho espiritual que unifica. Esse ser pode dirigir os humanos: senhor dos exércitos terrestres, alinhado com “Adonai Tzebaoth” senhor dos exércitos celestes.
Nos tempos de decadência – entropia dum Império, já fora de seu ciclo, que ameaça com destruir a Mãe Terra e seus habitantes, a espada dos Justos e retida da “Pedra” no fundo das aguas, pela senhora do Lago, para ser entregue a novo Senhor do Rigor Amoroso. Com ela pode-se evitar a queda no abismo dos bons e generosos.
Aquele ser que superou toda polaridade, pode cingir a sua cintura a espada.
A dualidade masculina da força – impulso para progressão – e procriação e, a feminina da contenção – receção – gestação e cuidado (útero – taça da proteção do amor). Essa dualidade já no ser que carrega a espada da libertação está unificada.
A dualidade que simboliza o mundo manifestado limitado, que se contempla a si mesmo em contraste. A unificação representa a volta ao mundo imanifesto-ilimitado, onde a morte não existe, pois o efémero e intrascendente não pode existir no infinito que transcende.
O Senhor da Espada da Libertação em esta Unidade se afirma, para conseguir diluir o confronto.
A letra cabalista que une ambos mundos (manifesto e imanifesto / limitado – ilimitado / finito – infinito) é a letra A (a Alef hebraíca) Letra do início. Início: ponte entre os dous mundos – o espiritual e o terreno.
Adam é o símbolo do ser humano – Adam Kadmon o do ser Cósmico (O corpo que contem todas as mónadas – faíscas do fogo sagrado indiano Agni)
Se tirarmos a A de Adam – fica Dam sangue. O sangue sem A se torna impulso animal instintivo: sangue quente – o sangue que ferve (ação – reação do cérebro rectiliano). Unido Dam a letra inicial A, temos o sangue que esfria (precaução – raciocínio frio antes da ação), enquanto o coração se mantém no calor espiritual recetivo.
Letra inicial A, com valor 1 – o Uno que unifica.
Os quatro elementos primordiais alquímico: ar, fogo, água, terra (4), sem auxilio do 1 (4+1:5) não podem atingir a quinta essência espiritual. Ficam apegados a matéria inerte.Nossa cabalista Alef – A permite assim o sangue do homem (Dam) ser ligado a quinta essência (Adam). Criando a ponte de união entre o ser humano e o ser divino: Adam – Adam Kadmon
Aquele, que em um determinado momento sustenta a espada dos Alexandre, a espada da Vitoria sobre a matéria (o Avatara do Rigor – de Shiva) pode manter a conexão (a ponte feita pela espada ou lança) entre a Lei humana e a Lei Divina. Podendo ter acesso a Verdade, o “Selo de Deus”
Emet, em hebraico, é a Verdade Eterna de Deus. Emet, escrito com a inicial letra Alef – aquela inicial A hebraica. Retirado o Alef inicial, fica “Met” – morte.
A verdade eterna de Deus, quando desligada da sua fonte original (que a vivifica) se converte em letra morta. Letras dos fanáticos que não podem compreender que mesmo o texto literal, contem o espírito que vivifica; somente é preciso de novo ligar a palavra, através da inicial Alef-A que faz de ponte.
Sendo esta inicial, aquela A dos Alexandre: os protetores dos seres humanos e vencedores das sombras.
Eles são os que podem retirar a espada da pedra, e com ela voltar unir a Lei humana a Lei Divina e trazer de volta a Ordem a Terra. O caos desce de novo ao abismo. Os humanos seres caminham acima dele.
A espada volta a guardar-se uma vez que os tempos néscios da guerra têm sido corregidos.
A espada volta desaparecer da vista dos homens. A palavra, que tinha sido resguardada no útero da Mãe Cósmica e no interior da mãe Terra volta a florescer. A poesia cresce e com ela a flor e o canto. De novo no mundo reina a Bem-aventurança
Comentários
Postar um comentário