Reconexão – Redenção - Reintegração por Artur Alonso
“Deixe os nobres pensamentos virem ate nós de todas partes” (Os Vedas)
Em todo conhecimento profundo recebido pela tradição revelada aos diversos povos, surge a ideia de progresso evolutivo, que passa pelo conhecimento da inter-relação “sagrada” entre a precisa conservação e a necessária mudança. Saber combinar a tradição do passado com a revelação do futuro no presente, não permitindo nem paralisação da continua mudança, nem a aceleração – entropia da mesma, pondo em perigo a conservação precisa.
Mas quando um ciclo evolutivo civilizacional chega a seu fim, a aceleração do progresso contínuo, sem reparar na precisa conservação, marca a pesada tónica evolutiva em que caiu, essa determinada humanidade: uma desorientação cultural, uma apatia social, um impossibilidade de elevar-se “uma oitava acima” do círculo viciado que atropou aquele determinado centro civilizador, que agora dever dar um revezo – permitindo um novo centro tomar seu comando.
De não efetivar-se, o risco de descomposição – com profunda alteração da ordem social e do equilíbrio natural, pode afetar a própria homeostase da rede da vida no planeta.
No caso do ciclo civilizacional em queda ter um caráter de procura dum “progresso continuo” – um novo centro civilizador que valorize a tradição da conservação, deverá ser alçado, como revezo.
Em esses momentos a “egrégora luminosa” – pisco-emocional que comandava aquela humanidade, já em descomposição, deverá ser subsistida por uma nova “egrégora” que proporcione durante um novo período uma tónica nova para a evolução humana.
A “egrégora luminosa” que condensa os pensamentos benéficos coletivos raiz de uma determinada civilização, ao ser encaminhada a procura dum novo ordem social, em favor da paz e da concórdia universal, se torna um verdadeiro “Anjo Guardião” desta determinada coletividade.
Eis este o momento da “encruzilhada” onde a humanidade deverá decidir entre o caminho de retorno a Lei Social – em sintonia com a Lei Natural – e a Lei Cósmica (ao formar uma nova “egrégora luminosa”)– ou, pela contra o caminho anti-lei, que sempre conduz ao caos, desordem e perdição (ao criar uma “egrégora obscura”). Caminho, este último, onde a Inconsciência ganha espaços à Consciência – onde o irracional toma força desprezando a razão.
A banalização do conhecimento, a perda de valores, a elevação da vaidade, a deturpação da verdade, a procura do poder material por cima do saber espiritual – junto a outros alarmantes fatores – marca este rumo que conduz a entropia.
O poder selvagem dos instintos mais baixos, a procura continua de prazeres efémeros, a decadência do humano consciente no animal humano inconsciente, marca este caminho da perdição… Somente a capacidade e vontade de Redenção pode inverter esse rumo…
Essa Redenção – marca de novo o caminho para alçar uma Lei humana – em conexão com a Lei Natural e a Lei Cósmica – O indiano termo Dharma que vence Adharma
Temos, pois, a vontade coletiva manifestada através daqueles “novos dirigentes dos povos” – cuja espada simbólica corta a “cabeça da besta entrópica” – como São Jorge matando ao Dragão – para de novo o Dharma- Lei eterna, que suporta a criação e ordem do mundo, prevaleça
Esses novos dirigentes, condutores dos novos povos – tem a postestade de abrir uma nova fase de relacionamento entre o Criador e suas criaturas, através de fazer avançar os povos na ativação duma nova “Egregora” – da qual emanará uma nova doutrina, princípio e retidão que volte integrar o disperso – por meio da integridade duma nova conduta, novos hábitos e ações sociais vaziadas da velha desonestidade. Começa aqui o fim do “Poder destrutor da Demagogia”
Implementando um novo centro irradiador duma nova Consciência na humanidade – permitindo ré-conectar o pensamento humano – como o pensamento mais elevado daquele arquétipo mundo das ideias de Platão – pode volta-se, de novo, abrir a ponte entre o material intranscedente e o transcendente espiritual.
Recuperar a Consciência
A Redenção de humanidade tem como significado a “recuperação” da Consciência perdida, com a queda – voluntaria – na matéria.
A Redenção sempre é anterior a Reintegração, é dizer ao retorno à Unidade Cósmica – uma vez alcançada a Consciência Integral Espiritual perdida... Antes da Redenção está o Caminho da Re-conexão – o caminho dos Avataras – a Senda do filho / filha que nos permite voltar ao seio da Mãe Cósmica – na presença do Pai Cósmico.
Senda que é representada, em cada tradição pelo seu “Avatara” respetivo, filho amoroso de Deus: o Horus, Apolo, Júpiter, Mitra, Quetzalcoalth, Baal, Wotan – Odin, Krisnha, Cristo… E, no caso da tradição celta representado pelo caminho dos gémeos espirituais: Brigantia e Lugh.
“Avatara” – do sânscrito – descida de Deus – ou Encarnação do mesmo Deus Amoroso – Segundo o Bagavata Purana, Krishna seria o oitavo Avatara de Visnhu, superior a todas as outras expressões da divindade. É dizer aquele oitavo acima que sintetiza o conhecimento dos outros sete.
Estamos pois ante a ideia de uma materialização cíclica da Divindade para auxiliar aos seres humanos nos seu caminho evolutivo, dado a baixa tónica, da mesma humanidade, não lhe permitir fazer um devido uso do seu livre arbítrio. Assim o confirma o sagrado Baghavad Gita, quando afirma: "Toda a vez que há um declínio do Dharma (reto-agir; Justiça) e a pre- dominância de Adharma (injustiça), Ó Arjuna, Eu Me manifesto. Eu apareço de tempos em tempos para proteger os bons, para mudar os malvados, e restabelecer a ordem…"
O Baghavad Gita nos ensina esse caminho da libertação, que em cada ciclo evolutivo marca aquele “Filho do Deus encarnado” ou Avatara.
O primeiro passo desse caminhar é a Re-conexão com o plano divino, por meio dos ensinamentos daquele Filho, que não é mais nem menos que a própria “Essência Única” tomando forma física na Terra
“O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Romanos, 12:9-10)
A Senda da Re-conexão
Tanto no plano individual como no coletivo, em época de queda na degradação, onde o mal comanda, a primeira parte para salvar-nos da queda na morte, será cortar a “raiz do mal” (reação) – a segunda sanar as feridas feitas pelo mal (sanação) e, a terceira, erguer a nova “raiz do bem” (recuperação)
Toda civilização esta marcada por um início (período pré-clássico) – um assentamento, auge (período clássico) e uma decadência (período pós-clássico)
As regrar do Avatara de ciclo são postas em pratica no inicio, assentadas melhor no auge, mas abandonadas na senda decadente.
Dentro dum processo civilizacional bem amplo, marcado pela “egrégora coletiva” associada a um determinado Avatara – culturas diversas tomam revezo – ate a “egrégora” ser substituída, e uma nova manifestação avatárica ter lugar – marcando uma nova pauta evolutiva.
No inicio os preceitos da nova “egrégora luminosa” são marcados, a senda da re-conexão com a matriz natural e cósmica se realiza.
No auge a “egrégora luminosa” irradia seu lado positivo sobre toda a sociedade, encobrindo seus aspetos sombra negativos, a redenção da velha queda, aqui, é completada. No período decadente a “egrégora” começa a perder fôlego, seu velhos ensinamentos já não irradiam sustentabilidade social (pelo efeito da mudança continua diluir a mesma egrégora, tornando-a pouco luminosa, obscura).
No final deste período a desintegração toma o lugar que deveria ocupara a reintegração. Em este processo o lado negativo obscuro da matriz toma força apagando a pouca luz que resta. Preciso um revezo civilizacional. Necessário em outro local (que descansou já de trabalhos anteriores civilizacionais, e está preparado para o novo reto) criar uma nova matriz.
Se alternam as polaridades: dum processo civilizacional progressista se passa a um conservador (e vice-versa).
Ate a humanidade não ter uma tónica evolutiva muito elevada a reintegração não será possível.
Esta Reintegraçao ocorre, no último período da reunificação de todas as culturas, de todas as experiências humanas (individuais e coletivas), de todos os trabalhos de todas raças…
Em essa altura, e somente em essa altura é possível a unidade total – O ser humano pacificado atingiu o ponto de retorno: perdeu o medo à morte, que lhe permite pacificar seu instinto predador e tonar-se um apreciador da vida.
Os homens se abraçam: a divisão (que permitia certa proteção – criação do recinto particular contra o abuso externo, numa sociedade de concorrência – deixa de ter sentido). Todos ao conhecerem-se a fundo a si mesmos, conhecem aos outros.
É nesta altura que poderemos verdadeiramente reconhecer o que Roberto Lúciola escrevera no seu Caderno Fiat Lux, nª 38: "Quando o ser humano alcança determinado grau de consciência, não aceita mais sobreviver como se fosse só um simples conglomerado de matéria animada vegetativa. O sofrimento e o acúmulo de experiências levam-no a questionar o porque da existência. Quando chegamos a esse estágio tem-se que atingimos o limiar de uma nova vida consciente. Os sentidos externos passam a ser questionados, mas não dão respostas; o mundo das emoções revela a sua vida efémera, por ser profundamente mayávico; a especulação intelectual não atende às interrogações fundamentais da existência. Somente a Supraconsciência pode induzir-nos a procurar e encontrar a verdadeira razão do nosso existir. O método dos filósofos consiste num eterno interrogar e questionar tudo até alcançarem a grande resposta que afinal está dentro deles mesmos"
O verdadeiro liberalismo – praticar livremente o livre arbítrio – pode realizar-se pelo caminho luminoso da direita.
O verdadeiro comunismo – comunhão de todos numa sociedade entre iguais – pode igualmente realizar-se pelo caminho luminoso da esquerda.
Ao unirem-se o caminho luminoso da esquerda emocional e da direita racional – se cria o caminho do meio – Deste modo todo é harmonizado.
O que fora manifestado para ganhar conhecimento em constraste dual, retorna- se: RE-INTEGRA na Unidade Comum. A manifestação deixa de ter sentido.
Do Manvatara ou Manuantara (manifestação cósmica) se volta ao Pralaya (descanso cósmico) – Todo retorna ao ponto Imóvel, ponte para regressar ao – Eterno – Imutável - Infinito
Do limitado material, necessário para realizar o caminho da compreensão, entendimento, através da forma física – se torna ao Ilimitado Espiritual, que absorve esse conhecimento nascido das diversas experiências na materialidade física
E o múltiplo conhece ser Uno no Todo.
Não tenhas presa para chegar aí, aceita a tónica do momento. Dor- gozo, satisfação – insatisfação, apego – desapego, instinto – intuição, ansiedade -serenidade, loucura – cordura… Eram simplesmente duas assas para tu voar ate aprenderem a viajar sem condicionantes.
"Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá. Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos. Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino" (Coríntios 13:7-11)
Momentos da MENTE ABSTRATA.
ResponderExcluirMuito bem captada a essência
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