“Terramoto Trump”: Volta ao excepcionalismo norte-americano? --- Por Artur Alonso
"Quando você quiser enganar o mundo, diga a verdade" (Otto Von Bismark, o "Chanceler de Ferro")
O próximo 20-01-2025 o magnata norte-americano Donald Trump encara o seu segundo mandato, convertendo-se no 47º Presidente dos Estados Unidos.
Muitas novidades, aparenta, vai ter este seu segundo juramento. As polémicas declarações das ultimas semanas, além das amplas coberturas mediáticas, encobrem um projeto de nova projeção global imperial dos Estados Unidos, que nos fazem lembrar a velha doutrina Monroe, não seu aspeto original de não intervencionismo dos países europeus em solo americano (e não intervenção a sua vez dos norte-americanos na Europa) – se não na sua pratica de domínio total e controlo de todas as riquezas do continente americano, por parte de Washington.
Unindo esta visão ao ideal do excepcionalismo; também não na forma que originalmente foi expressada por Abraham Lincoln, no seu discurso de Gettysburg em 1863, onde EUA era concebida como uma nação de liberdade, dedicada a propor que todos os seres humanos foram criados iguais. Sendo a missão dos norte-americanos de que o governo do povo para o povo não desaparecesse da faz da Terra. O novo excepcionalismo tem mais a ver com aquela outra dimensão, dos Estados Unidos como “povo eleito por Deus” para governar o mundo e guiar à humanidade. Algo que se assemelha mais a nova narrativa ocidental dum mundo “baseado em regras” (leia-se as nossas regras: aquelas regras que nós podemos mudar segundo as circunstâncias)
O novo Presidente, no seu segundo mandato, tem o apoio das Grandes Empresas energéticas, das Grandes Empresas Tecnológicas e dos Grandes Poderes Financeiros. Assim como os Grandes Grupos de Inversão (que controlam as Corporações mais importantes do mundo) como Blackrock, Vanguard e State Street. Este apoio tal vez motivou o anuncio da eleição do novo Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent (fundador do Key Square Capital Management e ex-sócio de George Soros, como ex-diretor de investimentos da Soros Fund Management ). Lembrar que esta nominação já fora anunciada em novembro de 2024, após uma reunião com Larry Flyn.
De relevo, também, seus apoios na comunidade judaica norte-americana de grande poder económico, mediático e político. Esse poder se amplifica a Hollywood. Observamos, aqui, a renovação da aliança de Terra de acolhida (refúgio contra as perseguições), prosperidade e liberdade para o povo judeu, desde aquela primeira “Shearith Israel”, dos primeiros 23 judeus, que em 1654, chegaram a Nova Amesterdão – futura Nova Iorque – provindos da Espanha e Portugal.
Assim como renovação do compromisso de apoio inquebrável ao Estado de Israel, sem as suscetibilidades da anterior Administração Biden, devido a muitos dos votantes democratas ser apoiadores da causa palestiniana.
A Reforma Interna e sua projeção externa
Temos, pois, já alguns dados, que ainda não sendo de todo relevantes, nos ajudam a observar com precaução qual pode ser o devir da nova Administração.
Temas de relevo na mudança no interior, serão seguramente: o enfraquecimento do aparato de Estado, maior liberalização da economia (em detrimento de direitos laborais e gastos sociais – impulsando a geração de maior e, se for possível, melhor emprego como melhor incentivo para o apoio de certos sectores das classes trabalhadoras…).
Renovação da aposta na energia fóssil (em detrimento da energia verde), tentativa de revigorar a industria nacional (mesmo a custa da Europa – oferecimento de incentivos fiscais, laborais e doutro tipo para deslocar empresas europeias para os Estados Unidos, aproveitando a crise de subida do custo da energia, após a guerra da Ucrânia).
No plano externo mais próximo temos: as fricções com o novo governo mexicano da Presidenta Cláudia Sheinbaum, que ao contrário do seu predecessor (o ex-presidente López Obrador) é mais favorável ao desenvolvimento das energias verdes - renováveis e seguidora da agenda Woke.
A pressão sobre o México, seguramente vai incluir, diversos tipos de coação, utilizando o argumento do dano causado a sociedade norteamericana pelos “carteis da droga” – devido ao excessivo consumo de “Fentanil” nos EUA.
Esquecendo, convenientemente, as raízes mais profundas da origem do problema do Fentanil. Droga que tem seus inícios como medicamento anestésico muito potente desenvolvido pela empresa Janssen Pharmaceuticals (hoje convertida na multinacional Johnson and Johnson Innovative Medicine), cujo fundador Paul Janssen, desenvolveu o fentanil, a partir duma molécula doutro opioide chamado meperidina, para uso médico no tratamento da dor.
A problemática se complica quando temos evidencias como as do diretivo John Kapoor, fundador da Insys Therapeutic, condenado a prisão, em 2019, como criador dum esquema de subornos e propinas, para que médicos promovessem ou receitassem analgésicos opioides viciantes, mesmo a pacientes que não precisariam desses remédios…
Assim como esquecendo que os cartéis mexicanos não seriam nada, sem a ajuda das redes norte-americanas de distribuição em múltiplos pequenos mercados de rua, por todo o país. E o controlo da demanda e do transito por parte de "máfias norte-americanas" . Talvez a solução ao problema comece por destruir a rede mafiosa norte-americana, que controla esses pequenos mercados – E controlar os agentes financeiros que lavam seu dinheiro – dentro e fora do país.
A fricções mesmo no espaço exterior
Apocalipse, 7.1 “E depois disso vi quatro anjos nos quatro cantos da terra, segurando os ventos da terra, para que o vento não soprasse nem para à terra nem para o mar, nem para as árvores”
Um importante desafio constitui o domínio do espaço exterior, onde o magnata sul-africano Elon Musk, diretor executivo de SpaceX, possa amplificar sua rede satelital e seus projetos espaciais, na tentativa de impulsar um domínio incontestável (onde a Rússia e a China fiquem sem poder realizar uma real concorrência)
A ideia de anexar-se o Canada como o 51 Estado da União, junto a compra de Gronelândia na atualidade território da Dinamarca, tem como objetivo afiançar o domínio norte-americano sobre o Atlântico norte e disputar a corrida pelo controlo das rotas e da exploração do Ártico à Rússia. Assim como incorporar os recursos minerais, energéticos, económicos, empresariais e cientifico – tecnológicos do Canada; e os recursos naturais da Gronelândia.
Gronelândia, além de minérios e possíveis recursos em hidrocarbonetos, é detentora de terras raras (fundamentais para a carreira tecnológica). China possui, na atualidade, o 80% das terras raras do mundo, minorar a dependência da China, em este aspeto é uma tarefa fundamental para o novo governo Trump.
A capital da Gronelândia, Nuuk, fica muito mais próxima de Nova Iorque, que de Copenhaga. O número de habitantes é de apenas 57 mil pessoas. Um referendo de autodeterminação (permitido pela lei dinamarquesa) e, a seguir, um convénio de adesão a União pode ser um dos caminhos pacíficos que poderia tentar Washington (o pago seria relativamente pequeno - mesmo uma indemnização por habitante seria um custo muito menor que os lucros a obter pela exploração do seu subsolo) Trump também não descartou o uso militar, em caso de não funcionar a via diplomática (algo difícil, pois obrigaria a União Europeia a reagir)
A primeira via parece a mais factível. Estes planos e realizações levarão um certo tempo, o que provavelmente seja superior a mais dum mandato. Trump provavelmente não dure mais de um mandato, e seus substitutos terão de continuar com estes e outros empreendimentos.
Em este aspeto, tudo semelha que a ideia planejada por Trump "de espaço vital" - nos lembra aquele "Lebensraum" do alemão do "bigodinho" - esta ideia também vai ser estendida ao Canal do Panamá - controlo de Centro América.
A Necessidade de Controlo da América do Sul
Este controlo, somado ao novo controlo norte-americano da Patagónia, após a criação duma nova base militar para o comando Sul (com o beneplácito do governo argentino do presidente Milei) ; junto a presença militar britânica nas ilhas “Malvinas” fecha a navegação para a entrada e domínio, posterior, da Antártida pelo poder anglo-americano – Facilitando o domínio total do continente, no qual os militares norte-americano contam já com mais de 76 bases.
Precisamente a base militar nas Ilhas Galápagos, enfrente do Peru, permite fazer pressão contra as rotas de navegação chinesa no Pacifico – e o desenvolvimento das comunicações ferroviárias do Brasil ate portos peruanos…
A volta do Canal de Panamá ao domínio dos EUA, vai permitir ganhos diretos e baixada de preços a barcos com mercadorias de interesse para os portos norte-americanos, assim como fazer pressão internacional sobre a futura tentativa da China de criar um canal alternativo na Nicarágua. Sabemos que pelo Canal de Panamá se movimenta um 5% do comércio internacional, sendo que o 73% está ligado com portos dos EUA.
A nova Administração Trump, semelha tem o apoio suficiente das “Elites norte-americanas” para dar um travão a velha ideia de domínio total por meio da agenda globalista, recuando em tempos mais incertos sobre o controlo total do continente Americano – mantendo o norte do continente como centro centro que concentra e irradia o novo poder industrial, financeiro, cientifico-tecnológico, militar e cultural. Relegando o resto do continente a fornecedores de matéria prima e suprimentos industriais ou produtos agrícolas – limitando totalmente a soberania de estes países, em função das necessidades do mais desenvolvido norte.
O Brasil soberanista e seu projeto de emancipação futura do cone sul (América do Sul e Sul da África) seriam, sem lugar a nenhuma dúvida, um os grandes perdedores desta aposta da novo poder executivo norte-americano. Brasil é dependente do guada-chuvas nuclear de Washington e, na pratica, dependente dos satélites do próprio Musk, mesmo inclusive no aspeto militar do uso de mísseis.
Daí Brasília pode ter ainda menos margem de manobra com uma administração, que se monstra na teoria muito mais agressiva, ao melhor estilo do poder de imposição, através de duras e muito pouco flexivéis negociações.
Uma administração, que se no passado já pus travas ao desenvolvimento de sectores estratégicos do Brasil (como o espacial - vital para a independência satelital - ou o energético e aeronáutico). Chegando a pressionar fortemente governos brasileiros para entregar – privatizar – as maiores empresas estratégicas a favor do poder das corporações anglo-americanas – ou suas aliadas israelenses.
Dá a impressão que o novo governo Trump, agora vai tentar criar maior pressão para supostas parcerias “amigáveis” em este sentido… Utilizando seu poder mediático, mesmo dentro do gigante amazónico, para com a argumentação da “ineficácia – ineficiência estatal” tentar direta ou indiretamente controlar os sectores mais estratégicos do país.
Pois sendo a anglo esfera a capital do poder Corporativo Privado Internacional - sem um Estado forte, defensor e detentor dos setores estratégicos do país, e mais da magnitude do Brasil, não é viável uma real autonomia.
Teremos de observar, nos seguintes anos, como se vão mover as dinâmicas internas e externas do gigante amazónico e, como se pode amoldar a esta nova situação, e como pode estabelecer um relacionamento de mutuo interesse com os diversos parceiros internacionais.
Sócios coméciais, culturais e políticos, tanto dos BRICS como da anglo-esfera. E se pode haver margem para esta possibilidade, que seria muto boa não somente para o Brasil, senão para mundo.
Dado que o Brasil, junto a Índia e Sul-África (e sua aliança no IBSA) têm a intenção de tornar-se uma via intermediária entre o nova polaridade do poder neo-fascista ocidental e o neo-socialismo oriental, sistemas que aos poucos se vão abrindo passo, em ambas latitudes (mas ambos polos com fortes raízes totalitárias).
Mesmo que Índia, Sul-África e Brasil possam optar por um Estado mais Social ou mais mercantilista - desenvolvimentista - sua referência sempre será dentro duma raiz profundamente democrática.
As elites soberanistas académicas, culturais, politicas e sociais brasileiras tem de entender que a Independência é um direito, que não se suplica, se conquista. No entanto deve ser conseguido com unidade em torno da emancipação, inteligência - astuta avaliação, precaução e firmeza na ação. Tendo em conta sempre aquela famosa frase do general Charles de Gaulle: "A dificuldade atrai o homem de caráter, porque é abraçando-a que ele se realiza"
As encruzilhadas do Oriente
Seguir a utilizar a Turquia, Catar e Israel – como substitutos da antiga agenda de intervenção direta militar norte-americana, do “Médio-Oriente Alargado”, desenhada em seu dia pela doutrina Rumsfeld/Cebrowski, poderia ser uma ótima solução para derrubar toda iniciativa chinesa das novas rotas da seda na Ásia.
Mas as fricções internas entre os mesmos EUA e Turquia, por causa dos Curdos (aliados de EUA e inimigos mortais de Ancara); e mesmo entre Israel e Turquia (sendo Hamas como o governo Erdogan e o poder em Doha membros da fraternidade muçulmana)…
Neste tabuleiro temos que acrescentar o medo da Arábia Saudita a que o caos dirigido pelo novo jihadismo, comandado desde a Turquia e o Catar, poda afetar suas mesmas fronteiras, levou já as autoridades de Riad a ressuscitar o moribundo Estado Islâmico, dentro da Síria
Será que as recentes declarações de Trump afirmando nada fazer os militares norte-americanos na Síria, onde segundo suas palavras: “somente há sangue e areia” – significará precisamente a retirada das suas tropas das zonas petrolíferas; permitindo a Turquia vencer aos curdos e tomar posse desse território, direta ou indiretamente? Em este caso como vai reagir a Rússia e o Irão?
Será que as fricções no Baluchistão entre Paquistão, Afeganistão e Irão podem ter o selo da Irmandade muçulmana, que além da sua sede em Doha, sempre teve uma sede em Londres (desde que foi uma boa alidada do poder britânico para combater Nasser e, finalmente derrubar Hosni Mubarak?
Sabendo da crise económica interna do Irão, motivada pelas sanções, das dificuldades economias dum poder talibã (instalado em Kabul) – agora confrontado com Ocidente – e das boas relações económicas da China e o Paquistão – alem das rotas comerciais conectando também a Índia, um futuro também concorrente do poder anglo-americano: a quem pode interessar, nesta região tanto distúrbio?
Será que Trump mudará está dinâmica de caos e confronto, pela de acordos, entre diversos atores regionais? Tentando reeditar os "Acordos de Abraão"? Em este caso os grandes perdedores seriam os palestinianos, que teriam de ser recolocados fora de Israel (ante a negativa de Egito e Jordânia, tal vez nos territórios ocupados, pelas IDF, ao sul da Síria?) E como poderia este acordo fazer-se abrangente a Rússia e ao Irão?
Como esta estabilidade poderia ser feita dificultando, a sua vez a China, bom sócio comercial da Arábia Saudita e o Irão? Que novos corredores desenhar para concorrer com a China: voltar abrir o corredor energético Catar - Turquia - Europa, que passa pela Síria e Arábia Saudita (sabendo o poder de Riad não gostar do protagonismo de Doha)? O novo corredor do gas de Gaza, agora dominado por Tel Aviv para enlaçar com- Grécia -Europa? Permitindo a sua vez o corredor Rússia - Irão - Índia? Como atacar as rotas comerciais da China, a presença cada vez maior das manufaturas chinesas na Ásia sem o auge das guerras?
Muitas são todavia as incógnitas por desvendar - Mas estamos em esta encruzilhada - de reordenação dos novos poderes, que nas próximas décadas terão de comandar o mundo. Estaremos diante do “mundo tripolar” dos poderes norte-americano, russo e chinês, sobre o que tanto nos tem falo o analista mexicano Alfredo Jalife? Ou mais bem estaremos, por necessidade geopolítica, diante de um mundo bipolar Ocidente (comando de EUA) – Oriente – Sul Global (comando Rússia-China) – E uma tentativa de torna-lo bipolar com a terceira via Brasil – Sul-África – Índia, como nós argumentamos?
Lembrando que o chamado, pelo ocidente, Oriente Meio – é a ponte de união entre três continentes: Europa-Ásia-África.
A marginalização da Europa?
E lembrando que a Europa muito fragilizada pelo confronto na Ucrânia, vai ter todavia de sofrer mais atrito, por parte da administração Trump ao exigir a Bruxelas maior aumento das suas despesas militares (Trump tem de pagar o novo apoio interno do seu Complexo Militar Industrial - que precisa do negocio do medo aos adversários para a obtenção de grandes lucros) – Não estará a nova administração desentendendo-se da Europa, para centrar-se em zonas mais vitais como Ásia?
Lembrar que Trump tem mais por objetivo confrontar a China, que a Rússia (como a anterior administração democrata) – E todas estas supostas novas fricções com a Europa, como vão afetar sua aliança militar no interior da NATO?
Por sua vez a ideia expressada muitas vezes pelo próprio Donald Trump, de tirar a Rússia dos braços da China e achegá-la aos EUA, tem de ter em conta a necessidade israelense de destruir o poder xiita no Irão (e seu eixo da resistência).
Nesta situação entra a variante da solidificada aliança iraniano – russa, muito mais fortalecida após a guerra da Ucrânia (que está prestes a firmar seu conveio de cooperação militar mais importante, apenas uns dias antes da toma de posse do mesmo Donald Trump) – Poderá ter uma solução negociada ou um encaixe a longo prazo, toda esta emaranhada encruzilhada de interesses diversos e não sempre homologavéis?
Ao mesmo tempo a necessidade do poder anglo-americano de quebrar os BRICS (em expansão) e controlar os novos mercados emergentes da Ásia e a África (onde o poder ocidental tem recebido golpes muito duros, nos últimos anos) choca com a necessidade Russa de virar ao leste – pela perda dos seus mercados e alianças políticas na Europa e a dureza das sanções económicas e as terríveis despesas de guerra– o que condiciona a Moscovo a acelerar os mecanismos de integração Euro-Asiáticos e, mesmo debilitar o poder global do dólar – Chave fundamental para o poder anglo-americano seguir a dominar a arquitetura financeira internacional.
Todas estas variantes estão tirando o foco da atenção da Europa (foco muito ativo durante a Guerra Fria - e queda, posterior, da URSS) - O auge da Ásia, e a virada dos EUA do Atlântico ao Pacífico, como leva tempo reclamando Henry Kissinger - pode tornar-se uma necessidade. Si isso acontecer a Europa, tal como Leão Trotsky previu, a inícios do século XX, será devorada pelas ações dos EUA?
Muitos desafios e muitas correntes de forças encontradas, difíceis de acalmar, mesmo com o pedido, a formalizar após a posse de Trump, duma reunião com seu futuro homólogo o Presidente russo Vladimir Putin. Movimento ao qual Ursula von der Leyen (Presidenta da Comissão Europeia) já repostou com um pedido de reunião com o novo Presidente norte-americano, antes de sua toma de pose.
O Fim da Globalização?
Assim como 1864 se criou a Iª Internacional (união de forças sindicalistas, socialistas, comunistas e anarquistas, principalmente da Europa) para unir esforços em favor dum novo poder operário emergente; hoje, precisamente, Elon Musk (que já se auto-denominou o “George Soros” da nova direita) está a criar, em nossos dias (século e meio após daquela primeira internacional operaria) uma rede de seguidores de forças nacionalistas de direita, com o objetivo de derrubar a anterior agenda globalista e a sócio cultural agenda Woke; ao tempo de criar um formidável exército de embate contra o novo poder emergente dos BRICS.
E mesmo, ainda aparentando contraditório, tentando manter o predomínio da estrutura de poder global internacional dos EUA – Diluindo a anterior agenda da Globalização e substituindo-a por uma nova agenda do poder neo-fascista Corporativo Privado Global. Poder que está destinado a um embate aberto com o poder BRICS: Poder emergente do novo Sul Global que para sobreviver precisa manter um Estado forte, que confronte o centro de onde promana o Poder Privado Internacional – virando os poderes estatais dos BRICS aos poucos num neo-socialismo – de caráter totalitário - que não autocrático. Poder que tende a estar presidido por um grupo, muito reduzido no topo da governação.
Temos de entender, pois, que a rutura da agenda globalista progressista, ao contrario da sua aparência inicial, tem continuidade (pelo seu uso e a quem serve) na nova agenda neo-fascista corporativa privava anti-estatal, que também é progressista.
O progressismo da nova agenda neo-fascista corporativa privada (impulsada pelo Corporativo Poder Privado, agora por meio do senhor Musk, dentro da nova administração Trump) – está no seu ideal de reformas e transformações político sociais em favor duma nova realidade de poder Tecno-feudal. Novo poder em andamento estudado pelo ex-ministro grego Yanis Varoufakis com a denominação precisamente de “Tecno-feudalismo”.
Este “Tecno-feudalismo” baseado no controlo do mundo através da “Renda na Nuvem” das Plataformas Digitais e dependente do crédito dos Setor Bancário Privado. Modelo que substitui ao anterior denominado de “Capitalismo das Rendas – do controlo direto dos Bancos Centrais” estudado pelo economista norte-americano Michael Hudson
Esta é a forma que o poder anglo-americano tem, de não somente confrontar o neo-socialismo, controlado pelos Bancos Centrais Estatais (estudado e impulsionado, entre outros, pelo economista russo Sergei Glazyev). Sendo o modelo ocidental (do controlo Privado das dívidas) também a forma de impedir a ascensão do mundo Multipolar – que completaria a libertação do chamado “Sul Global” do controlo europeu e seu filho o centro norte-americano, surgido após II Guerra Mundial. Dado essa emissão de dívida ter o seu centro de comando, todavia, no BIS (Banco de Pagamentos Internacionais), com sede em Basileia – Suíça – O Banco que controla os Bancos Centrais da maior parte do mundo.
A agenda de Musk, a pesar de anti Woke, condiz no essencial com os planeamentos do “Foro de Davos” – com a filosofia transhumanista de Yuval Harari – com a sociedade Tecnotrónica, enunciada em seu dia, pelo falecido, Zbigniew Brzezinski e com a necessidade de redução populacional (a causa da entrada da nova era da robótica) e com o ideário da colonização do espaço.
Como bem sabemos Musk é um dos grandes promotores dos implantes cerebrais… O plano da humanidade poder colonizar o espaço requer, também, a utilização dos avanços cientifico-tecnológicos para derrubar as limitações corporais de adaptação ambiental e atmosférica
Este progressismo neo-fascista em andamento no ocidente, como já vimos falando em nossos anteriores analises, terá de confrontar com o conservador neo-socialismo tradicionalista, em andamento no sul global. Ambos caminhos político-sociais, encobrem outros embates como a luta Estado forte Soberano contra poder Corporativo Privado Internacional; Tradicionalismo contra Transhumanismo…
E aquele embate, mais incrível de acreditar da “Grande Egrégora”, entre os apoiadores da ideia do Ente Espiritual Imanente (Deus em algumas tradições) e os que sonham com o ideal do Ente Espiritual Criativo – E dizer entre os novos tradicionalistas que vem Deus no comandado dos homens e os novos progressistas que observam o Ente Criador – como uma capacidade, num futuro imediato a tornar-se possibilidade, de desenvolver pela mesma humanidade, como co-criadora dentro do Vácuo Energético das inúmeras possibilidades...
E, aqui, neste último aspeto se esconde o maior combate pela Nova Grande Egregóra, que deverá guiar o caminho da civilização do futuro… Mesmo que, para muitos, possa resultar inacreditável. Em este aspecto, observamos nós, o sonhando “transhumanismo ocidental” mesmo trabalhar com a possibilidade da "vida eterna", como nos apresentam diversos congressos sobre o tema - E a referência de leitura global, para os interessados neste tema, do livro de Ray Kurzweil e Terry Grossman "A Medicina da Imortalidade”
(Certamente em todas as regiões do planeta existem grupos com diversas inquietudes e diversas agendas, aqui simplesmente dá-mos luz aquelas que têm mais poder - força para expandir seu pensamento e dominar as cúpulas respetivas desde onde se realiza a mudança contínua - Não significando uniformidade de pensamento social, nem de pensamento de todas as diverdas elites)
Vamos observar os inícios desta nova administração norte-americana e os novos retos geopolíticos, assim como os pontos de fricção a incrementar por todo o mundo, que ignoramos o que vão trazer no seu desenvolivmento à humanidade: será uma Guerra Mundial inevitável – ou, teremos, alguma chance, ainda que muito complicada, dum acomodo geopolítico – que permita quanto menos 4 anos mais de adiar a grande guerra… E, se puder, ir abrindo portas para um maior e mais abrangente dialogo.
Que paz o amor e a bondade possa inundar o coração de todos os seres humanos.
"Que farei, ó meu Deus, ó minha verdadeira Vida? Transporei esta potência que se chama memória. Transpô-la-ei para chegar ate Vós, ó minha doce Luz? Que me dizeis? Subindo em espírito até Vós, que morais lá no alto, acima de mim, transporei esta potência que se chama memória. Quero alcançar-Vos por onde podeis ser atingido, e prender-me a Vós por onde for possível" (Santo Agostinho "Confissões"
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