A União Mística dos Amantes – Por Artur Alonso
A través da sagrada união – dos gémeos espirituais – referenciada no arcano VI dos Namorados (no seu aspeto mais luminoso) realizamos a unidade do ser humano interior espiritual (o cabalístico Zeelan Alohin) com o ser humano exterior corporal (o cabalístico D´muth Alohin) – permitindo-nos a fusão da “aparente polaridade”, através do êxtase místico – do fogo Kundalini aceitando o vivificador ar de Fohat – permitindo o fluir da água benta penetrar na terra sagrada – o local do encontro dos amantes.
O ventre da terra húmido, unido ao ventre galáctico e ao ventre humano, recebe a água da vida – no seu útero – taça. O ventre da mulher humana recebe a semente masculina para dar a vida – e a natureza se une através da mulher humana com o cosmos (fecundação). Tal como a mulher se uniu com o homem na sagrada comunhão do espírito – unificando a divisão aparente dos corpos.
Chegamos à mística entrega: do homem rendido (entregado) dentro da mulher; a mulher rendida as caricias do homem e ambos abraçados, entre eles, ao universo: redimidos. Fim de toda falsa polaridade. Redenção (entrega ao Amor) – Reintegração (união no abraço amoroso) - Retorno (a essência do Amor Incondicional – não regido pelo interesse – não negociável)
Afirma nossa prezada “irmã no caminho” Sónia Maria Clausen, no seu trabalho intitulado “O Caminho da Rosa Madalénica”: “Na união de Yeshua (Jesus) e Madalena ocorre a consumação da sagrada união do Feminino e Masculino Sagrados, em amor e confiança. O ventre dela fundiu-se com seu coração num poder mágico e sabedoria Antiga que fluiu através deles. Os ritos antigos e místicos da câmara nupcial dos Cânticos dos Cânticos na herança do rei Salomão e rainha de Sabá eram reais e encarnaram na Terra. Foram o Pilar Unificado, a Árvore da Vida, que emergiu da Terra abrigando e alimentando a todos, alcançando os céus, transcendendo os limites da natureza, numa magia feminina dos mistérios”
O fogo magnético do coração no homem se une com o fogo eletrifico do coração da mulher. O fogo magnético do ventre da mulher se une com o fogo elétrico do ventre do homem. Um campo eletromagnético de amor universal se cinge sobre os amantes – a dualidade se dilui, os corpos se tornam ente místico: Todo-Uno. A limitação física do efémero se concentra dentro do ilimitado-eterno, enquanto o “tempo atemporal” do amor verte sobre os namorados abençoares do “momento eterno”. A unidade realizada no espírito da elevação mística: a alma de ambos contendo a alma mundo.
Da união mitológica sagrada surgem os “Filhos Divinos” que darão uma certa tónica evolutiva a uma determinada humanidade, num determinado período de tempo.
Estando sempre inserida está tónica dentro dos Mandamentos Sagrados da Sabedoria Primordial: daí a similitude dos dez mandamentos da tabela da Lei de Moisés, com os cumprimentos do julgamento de Osíris no livro egípcio dos mortos (precisos para poder aceder ao paraíso metafísico).
Remetem aos mandamentos de todas as idades e de todos os tempos, resumidos na tríade zoroastrica (nos três principais mandamentos do Zoroastro): falar a verdade, cumprir com o prometido e não contrair dividas…
Falar a verdade – não mentir ou enganar. Cumprir com o prometido – ser fiel a palavra dada. Não contrair dívidas – não viver em contra da Lei – que gera Karma ou dívida a ser paga.
Mandamentos que encaminham à humanidade a cumprir aqueles pontos cruciais de Platão, resumidos na filosofia das ideias, a metafísica de Fedón e bom governo de direitos e oportunidades da República. Que junto ao conhecimento cientifico abrem a porta do acesso ao amor interior e ao amor fraterno, equilibrando o natural externo com o espiritual interno.
O culto a Baal – Hadad vai refletir a consagração ao filho divino – nascido do Casal Sagrado – nos finais da Era de Touro – no Império Acadio – daí sua associação ao mesmo animal mitológico: o Touro Sagrado. Mas seu culto vai perdurar entrada já a era do Carneiro, na cidade de Ur (tal como acreditam os textos ugaríticos). Este culto se vai arrastar ate o Iº Império Babilónico e penetrar na mesma Fenícia – mantendo-se ate o final das guerras púnicas; baste lembrar os nomes de Anibaal e Asdrúbal – Hanni-Baal: aquele que recebeu a graça de Baal – Hasdru-Baal: aquele que é ajudado por Baal.
O culto a Yaweh que se inicia na Idade do Ferro – na era do Carneiro – vai trazer a partir do reinado de Josías (641 – 609 a.C) a eliminaçao total dos templos de Baal em Israel, impondo o culto único a Yaweh – Já no século VIII a.C o profeta Oséias se enfrenta a Baal afirmando-se na adoraçao única a Yaweh. O culto da era do Carneiro correspondente vivifica no carneiro de pascoa.
“E da sua boca tirarei os nomes dos Baalins, e não mais se lembrará desses nomes” (Oséias 2:17)
Com a retirada dos templos de Baal culto ao filho – nascido do Casal Cósmico – cessa em Israel e o judaísmo se afirma num Deus único criador Yaweh – sem esposa, nem filhos. A, sua vez, a Ideia dos amantes sagrados Yaweh e Asherar (culto conjunto realizado pelo povo de Israel do século XIII ao I.V a.C) também finaliza. Morrendo na religiao judaica o ideal do Deus semeador e a Deusa da Fertilidade, que com sua união amorosa mantém harmonioso o ciclos de semeador e recoletor – que permite a abundância na Terra.
No entanto o culto místico ao Filho do Amor Incondicional – nascido da Parelha Sagrada – seguiu em vigor em todas as tradições mitologias. E a religião crista dos peixes – da Era de Peixe – dos pescadores seguidores do Cristo – vivifica com o Filho do Pai – o Filho do Deus criador – que traz o “amai-vos os uns aos outros” – o Amor Incondicional, como mandamento que resume: mandamento mais elevado.
Em mesoamérica temos as figuras de Quetzalcoalt e Kukulkan, o mesmo Filho, nascido do matrimonio cósmico que dá origem ao mundo. Sendo Quetzalcoalt cultuado em Cholula, entre o período pré-classico e clássico, dentro da tradição nahualt e Kukulkan no mundo maia.
O livro sagrado dos maias, o Popol Vuh, nos fala da calma e do silencio da imobilidade (o mundo Eterno do Parabramha indiano, antes da manifestação) e, como da união amorosa da parelha primordial surgida da manifestação – vai nascer o mundo físico e o ser humano. Essa parelha primordial vai ser referenciada no plano cósmico visível com o simbolismo do sol e da lua.
Dai, pois, ser no namoro entre o sol e a lua – entre o espírito e alma – Inteligência cósmica e Sentimento cósmico – que o mundo visível – físico surge: nasce. Levando em sua essência a chama escondida do Amor Incondicional que une e, a liberdade expressa no livre arbítrio, que permite experimentar esse amor – se for conhecido. Sendo, tal como sinalizam a maior parte das mitologias, que por causa da ignorância esse livre arbítrio é mal utilizado.
Precisamente aqui podemos inferir que pelo conhecimento elevado oculto, inscrito nessa essência amorosa, podemos voltar a unidade, desvendado os véus negativos alçados entre nossa ignorância e a verdadeira realidade.
No mito polinesio da criação o Deus Supremo IO, pelo poder do pensamento, separou as águas primordiais das Trevas, separando o Céu da Terra.
Por meio do poder da palavra (tal como no evangelho de São João) o Deus Supremo IO inicia o processo criativo: “Que as Águas se separem, que os Céus se formem, que a Terra exista!” - Daí surge o casal supremo maorí: Papa, a mãe Terra, e Rangi, o pai céu. Cuja união amorosa dá luz, pela fecundação do Amor Incondicional, a diversidade dos mundos
Papa e Rangi, são surgidos – da essência primordial que existia já na escuridão – na imobilidade (no Imanifesto Eterno – simbolizado pelo Parabramha indiano) – Essa essência era denominada To Po e Te Kore ou a noite e o vazio.
Por meio da união mística sagrada os seres humanos que ativam a essência espiritual do Amor Incondicional dentro de si, acedendo a esse vazio Ilimitado – eterno – não manifestado. Sempre e quando, eles, – os namorados humanos – saibam alçar-se por cima das paixões da atração sexual profana.
Fazendo da sua união – não uma união na procura do prazer mais simples – senão uma união prazenteira, muito mais intensa e profunda – onde o amor espiritual encha a alma dum êxtase único: aquele do Amor Incondicional, do qual pode nascer o filho ou filha; para dar mais amor ao, pela ignorância, violentado mundo.
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